Brigada estudantil denuncia falta de condições de alunos infetados

19 de Outubro 2020

A Brigada Estudantil denunciou esta segunda-feira a falta de condições nas residências do serviço de ação social da Universidade de Lisboa onde vivem estudantes infetados com o vírus SARS-COV-2 e exigiu uma resposta que salvaguarde a sua saúde.

Para denunciar a situação, a Brigada Estudantil, “um grupo de coletivos de estudantes que procura trazer para as ruas, para os movimentos e para as lutas uma visão coesa e determinada do movimento estudantil”, vai estar esta segunda-feira às 17h na Cantina Velha, nos serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa.

Em declarações à agência Lusa Andreia Galvão, membro da Brigada Estudantil, contou que o grupo tem recebido vários testemunhos de alunos que estão em residências e que alertaram para a forma como estão a ser tratados pela administração dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa (SAS-UL), especialmente de alunos infetados.

“Os estudantes relatam-nos que quando começaram o seu confinamento foram encaminhados para Pousadas da Juventude e que estas não têm condições para os albergar. Muitos dizem que os quartos são partilhados com outros estudantes infetados, que são muito pequenos e sem condições para poderem prosseguir os seus estudos com normalidade”, disse.

Os estudantes, segundo Andreia Galvão, têm também denunciado, além das fracas condições de habitabilidade, que não lhes são disponibilizadas condições materiais para assistirem às aulas “com a maior normalidade possível”.

De acordo com Andreia Galvão, os estudantes queixam-se que não lhes é fornecida ligação à internet estável e com abertura de banda suficiente

“Quando estes alunos se queixaram desta situação foi-lhes dito que poderiam assistir às aulas à distância no chão do corredor”, disse.

Segundo a Brigada Estudantil, não estarão também a ser respeitadas as restrições alimentares de alguns alunos com intolerâncias à lactose e glúten – o que pode seriamente condicionar a sua saúde – e a comida vem sempre fria, não havendo forma de a aquecer no local.

“O principal objetivo da ação é fazer uma denúncia da ação falhada dos serviços da ação social que é especialmente grave tendo em conta o contexto de pandemia em que vivemos. Os alunos que estão infetados têm de partilhar quartos que não têm as condições necessárias para a sua existência quanto mais para o prosseguimento dos seus estudos”, sublinhou.

“Também queremos denunciar a falta de alojamento estudantil que é crónica no nosso ensino superior, sendo que estes alunos foram realojados em Pousadas da Juventude porque não havia outros espaços. Estamos a falar de Lisboa em específico, mas na verdade temos recebido várias respostas em relação a este caso e sabemos que isto já se passou várias vezes no país”, disse.

Neste caso específico de Lisboa, contou Andreia Galvão, os estudantes contactaram a linha de Saúde 24, reportando as condições em que vivem, ao que lhes foi dito que as mesmas eram ilegais.

“Os alunos confrontaram as entidades responsáveis, ao que lhes foi dito que o protocolo de quarentena teria sido verificado e assinado por um delegado de saúde, mas até hoje estão à espera de ter acesso a esse documento”, disse.

Por isso, a Brigada Estudantil exige uma resposta imediata para estes estudantes afetados pela pandemia, que salvaguarde os seus estados de saúde e performances académicas.

“A ação que vamos ter hoje é muito simbólica devido ao período em que vivemos. Mas vão estar algumas pessoas para falar sobre este assunto, tirar fotos dos cartazes e publicar nas nossas redes sociais”, disse Andreia Galvão.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.181 pessoas dos 99.911 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This