Os dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge apontam para um agravamento da situação epidemiológica de Covid-19, mas a ministra da Saúde defendeu esta segunda-feira que estes cálculos podem ser invertidos com “medidas eficazes”.
“Claro que os cálculos resultam na aplicação de modelos matemáticos que nós podemos inverter se conseguirmos tomar medidas e medidas eficazes. Isso depende de cada um de nós e eu não posso deixar de voltar a fazer essa referência”, sublinhou a ministra da Saúde, Marta Temido, no final de uma reunião com o Presidente da República, no Palácio de Belém, que demorou cerca de 90 minutos.
Sobre os assuntos abordados na reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que foram questões de “natureza de avaliação da situação do país” e de outros países e de “informação mais de pormenor sobre a situação epidemiológica”.
“No fundo, foi o detalhar de um conjunto de informações e a discussão das hipóteses que se colocam perante a evolução da pandemia, que cenários é que se imagina que venham a suceder”, disse a ministra, sem precisar quais são esses cenários.
Recordou que o chefe de Estado tem mantido contactos regulares, também com o Ministério da Saúde, no sentido de avaliar constantemente a evolução da situação pandémica.
“Não é uma realidade nova é algo que se vem mantendo desde há vários meses e semanas concretamente através daquilo que designa como as reuniões do Infarmed”, disse a ministra.
Questionada sobre a possibilidade de um recolher obrigatório ou de um novo confinamento, Marta Temido disse que o Governo tem “procurado sempre atuar de acordo com aquilo que é a informação epidemiológica, a sua evolução, e os princípios da proporcionalidade, mas também da precaução em saúde pública”.
“Será com base nestas nestes dois eixos que continuaremos a tomar decisões procurando obviamente acompanhar aquilo que é o desejo de todos”, afirmou, para se encontrar “um equilíbrio o mais virtuoso possível entre a capacidade” de o país se manter a funcionar como sociedade e os bens que é preciso proteger.
Disse ainda que as medidas de saúde pública são determinadas com uma periodicidade que o Governo tem procurado “sempre garantir” e que são comunicadas na sequência de reuniões do Conselho de Ministros.
“São medidas que não competem ao Ministério da Saúde e, portanto, neste momento o nosso foco é de aplicar as medidas que foram determinadas na última reunião do Conselho de Ministros e aplicá-las adequadamente e garantir o seu cumprimento e continuar a trabalhar em duas vertentes que me parecem muito importante”, vincou.
Por um lado, “tentar aliviar a pressão” sobre o SNS”, abrindo mais camas de cuidados intensivos e contratar mais pessoas, disse, realçando o início das obras de alargamento das unidades de cuidados intensivos no Hospital Amadora-Sintra e de “outros que estão no mesmo processo”.
Questionada sobre a articulação com os setores privados e social, a ministra recordou que desde abril que o SNS tem ativo um acordo de convenção ao qual podem aderir entidades destes setores e que as administrações regionais de saúde podem acionar caso considerem necessário.
“Sei que as administrações regionais de saúde estão a fazer contactos com várias entidades para tentar garantir que há capacidade de expansão mais que aquela que está no Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou.
Perante “a muita preocupação” que “muitas vezes” tem ouvido a propósito das camas do SNS, Marta Temido lembrou que o SNS tem cerca de 21 mil camas, 18 mil das quais estariam disponíveis para a Covid-19 “em termos teóricos”, porque “estão a ser ocupados para tratar outros doentes”, mas “a capacidade de expansão do Serviço Nacional de Saúde existe”.
“Naturalmente que nós só desmarcaremos atividade programada se tal se vier a manifestar necessário porque a nossa função é equilibrar o melhor possível as respostas às suas necessidades”, defendeu.
A ministra da Saúde foi a primeira de um conjunto de personalidade da área da Saúde que Marcelo Rebelo de Sousa pretende ouvir sobre a pandemia de Covid-19.
Em Portugal, já morreram 2.198 pessoas dos 101.860 casos de infeção confirmados, segundo os dados Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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