Segundo a responsável do estudo, Doreen Lawrence, o impacto da pandemia sobre estas populações é “consequência de décadas de injustiça, desigualdade e discriminação estruturais que assolam a sociedade” britânica.
Negros, asiáticos e minorias étnicas são mais propensos a trabalhar em empregos expostos ao vírus, “mais propensos a ter comorbidades que aumentam o risco de doenças graves e mais propensos a enfrentar barreiras no acesso a cuidados de saúde “, enumera o estudo.
Doreen Lawrence, mãe de Stephen Lawrence, um jovem negro morto num ataque racista em 1993 e atualmente representante do Partido Trabalhista na Câmara dos Lordes, denuncia também que a pandemia fomentou acusações que o vírus está a ser propagado por certas comunidades.
Vários estudos têm demonstrado que negros, asiáticos e outras minorias étnicas que vivem no Reino Unido registaram taxas de infeção e mortalidade atribuídas à Covid-19 mais elevadas do que a média, apontando em particular para o papel de fatores socioeconómicos.
O estudo, realizado a pedido de Keir Starmer, líder do maior partido da oposição, exorta o governo conservador a agir para reduzir o impacto desproporcional da pandemia sobre aquelas comunidades.
Lawrence sugere que os empregadores sejam obrigados a publicar as avaliações de risco relacionadas com a Covid-19 e a fornecer equipamentos de proteção aos funcionários e urge o executivo a suspender a regra que impede alguns imigrantes de ter acesso a ajuda estatal e, a longo prazo, remover as barreiras de acesso a serviços de saúde.
Um porta-voz do Governo enfatizou que “uma série de fatores colocam diferentes grupos em maior risco de infeção e morte por Covid-19”.
“Por esse motivo, devemos ter cuidado em identificar as origens das causas das disparidades que encontramos e não assumir que sejam indícios de discriminação ou tratamento injusto em serviços públicos como o NHS [serviço público de saúde britânico”, acrescentou.
Com 44.998 óbitos registados oficialmente, o Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortes de Covid-19 e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, Índia e México.
LUSA/HN
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