“Vejo com grande preocupação, porque nós estamos há oito meses a sofrer o impacto das medidas que foram tomadas e também da comunicação das mesmas. […] Chegamos a esta fase muito desgastados. Chegámos a outubro com os negócios muito mal, quer a restauração, quer o comércio e o teletrabalho”, referiu à agência Lusa o presidente da associação, Victor Silva.
De acordo com o dirigente, as medidas reveladas no sábado pelo primeiro-ministro, António Costa, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em Lisboa, vão agravar “um problema que se estava a sentir”.
“Havia alguma expetativa de que no Natal, na época natalícia, pudéssemos recuperar um pouco, mas tal não acontece, porque aqui no centro histórico, embora a epidemia não esteja a ter grande repercussões, no fundo, continuamos a sofrer as mesmas limitações e agora até maiores”, salientou Victor Silva.
O Governo anunciou no sábado que 121 municípios, entre os quais Lisboa, vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador, devido à Covid-19.
Os restaurantes nestes 121 concelhos do continente – uma lista que será revista a cada 15 dias – não poderão ter mesas com mais de seis pessoas e a sua hora de fecho passa a ser às 22:30.
Os estabelecimentos comerciais terão de fechar, na generalidade, às 22:00. Porém, de acordo com o Governo, o presidente do município pode fixar um horário de encerramento inferior ao limite máximo estabelecido, mediante um parecer favorável da autoridade local de saúde e das forças de segurança.
“A restauração aqui vai sofrer muito com isso. O comércio já estava a sofrer muito. As pessoas já não estavam a vir para aqui ao fim do dia e às 22:00 já não há estabelecimentos a fechar, na generalidade fecham às 20:00”, adiantou o presidente da Associação de Valorização do Chiado.
Segundo Victor Silva, as restrições aos horários de encerramento não vão afetar apenas os estabelecimentos comerciais, mas também fábricas e o emprego.
“Isto é muito mais lato que apenas o comércio”, realçou, ressalvando que o comércio local “não está a beneficiar dos apoios” e muitas empresas acabaram por fechar portas.
Victor Silva explicou que as empresas não conseguem beneficiar dos apoios, porque muitas já passavam por dificuldades antes da pandemia da Covid-19.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.544 pessoas dos 144.341 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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