O Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Murça reuniu-se na terça-feira e, no final, foi tomada uma posição conjunta entre a direção do estabelecimento de ensino, a autarquia e a Associação de Pais e Encarregados de Educação que vai ser remetida às instâncias de saúde local, nacional e ao Ministério da Educação.
“Em unanimidade decidiu este Conselho Geral elaborar um plano de intervenção. Uma das medidas propostas neste plano é o encerramento do Agrupamento de Escolas de Murça por um período de 15 dias”, afirmou hoje à agência a presidente da Associação de Pais, Paula Mesquita.
O objetivo é, explicou, “tentar quebrar cadeias de transmissão” e realizar uma “desinfeção profunda”, para reforçar a higienização que já é feita diariamente, e ainda “restabelecer a confiança dos pais”.
Paula Mesquita defendeu ainda uma reavaliação da situação após o período de 15 dias.
De acordo com os dados do agrupamento, há 20 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus nas escolas: 16 alunos de diferentes níveis de ensino (1.º, 2.º e 3.º ciclos e secundário) e quatro professores.
Em isolamento profilático encontram-se 135 pessoas e os alunos de oito turmas estão a ter aulas à distância.
O agrupamento, que integra o centro escolar e a escola secundária, possui cerca de 500 alunos e 90 professores técnicos especializados.
O concelho de Murça, no distrito de Vila Real, tem um total de 32 casos ativos, 200 pessoas em isolamento profilático e integra a lista de 121 municípios com risco elevado de transmissão do vírus que, a partir de hoje, estão sujeitos a medidas mais restritivas.
O diretor do Agrupamento de Escolas de Murça, José Alexandre Pacheco, disse já ter solicitado à tutela “um reforço de medidas”, que “pode passar” pelo encerramento temporário das diferentes unidades de ensino.
“Todas as normas de higienização estão a ser severamente cumpridas tentando minorar estes pontos de contágios que nos preocupam”, garantiu.
O presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, mostrou-se preocupado com a situação no concelho e defendeu também a tomada de “medidas adicionais” na comunidade escolar como o fecho da escola “durante algum tempo”.
“Pensamos que não será fácil de outra forma que não o encerramento que se consiga extinguir, pelo menos, pela via da comunidade escolar esta disseminação pandémica”, afirmou.
A medida proposta por Murça só pode ser implementada em articulação entre o Ministério da Educação e a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Outra preocupação dos pais é o ensino à distância. O diretor José Alexandre Pacheco disse que se está a tentar “tapar todos os buracos que possa haver” principalmente no “acesso à Internet”.
“Estamos a trabalhar com a câmara no sentido de disponibilizar esses recursos de acesso a quem não os tem e aguardamos que, a qualquer momento, cheguem os computadores que foram prometidos às escolas, para além daqueles que nós temos e que estamos a disponibilizar”, referiu.
O que se pretende é, frisou, “desenvolver um ensino à distância que não promova desigualdades”.
“Em Murça, a câmara, Associação de Pais, agrupamento e Proteção Civil estão a trabalhar de uma forma muito ativa para encontrar uma solução para este caso 24 horas por dia porque este está a ser um ano de profundo desassossego”, referiu o diretor.
O surto neste concelho espalhou-se pela comunidade e, para além da escola, há ainda casos na câmara e em aldeias.
Mário Artur Lopes apelou ao reforço dos cuidados de prevenção na transmissão do vírus, como o uso de máscara, distância social e higienização das mãos e superfícies, e considerou que “o corte das cadeias de transmissão do vírus está em cada um”.
O autarca lembrou que a câmara “está no terreno” desde o início da pandemia de Covid-19 a apoiar a população e lembrou que os serviços estão a proceder à desinfeção dos espaços públicos.
Portugal contabiliza pelo menos 2.635 mortos associados à Covid-19 em 149.443 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da DGS.
LUSA/HN
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