“Continuamos com a mesma agenda acertada na reunião anterior antes de agosto, a fim de tentar ter alguns princípios antes do final do ano e algumas bases para a constituição em janeiro de 2021”, disse o mediador das Nações Unidas em entrevista, antes da reunião que tem início na segunda-feira.
O diplomata norueguês que hoje se reúne com os três grupos de negociações da chamada Comissão Constitucional (um representante do governo, outro da oposição e um terceiro da sociedade civil síria), destacou o seu otimismo em relação aos encontros da próxima semana.
Antes desta nova ronda, como as anteriores realizadas em Genebra, Pedersen manteve uma intensa agenda diplomática na qual se reuniu com autoridades da Turquia, Rússia, Egito, Irão, Arábia Saudita e Liga Árabe em busca de apoio internacional para as negociações.
“A constituição deve ser decidida pelos próprios sírios, mas com claro apoio internacional, e estou satisfeito em ver o que ele me transmitiram”, disse Pedersen sobre suas reuniões no Cairo, Moscovo, Ancara, Riade e Teerão.
O enviado da ONU reconheceu que ainda existem muitos obstáculos nas negociações em curso, num momento em que setores da oposição síria veem este diálogo constitucional como uma estratégia do regime de Bashar al-Assad para ganhar tempo e aumentar o controle militar do território nacional.
“Sabíamos desde o início que avançar num processo constitucional seria difícil, após quase dez anos de conflito há profundas suspeitas entre as partes e entendemos que levará tempo para superá-las, mas espero que tenhamos começado a construir alguma confiança”, disse o mediador ao jornalistas.
O Comitê Constitucional da Síria, criado em Genebra em outubro de 2019, é composto por 150 membros (cinquenta representantes do governo, tantos opositores e os últimos cinquenta da sociedade civil).
Quinze membros de cada um dos três grupos compõem a subcomissão encarregada de elaborar a futura constituição síria, que deve substituir a atual de 2012.
As negociações têm sido dificultadas pela persistente desconfiança entre o governo e a oposição – na segunda ronda não houve sequer encontros diretos entre os dois – e pela pandemia, que interrompeu a terceiro ronda em agosto após quatro resultados positivos foram detetados para COVID-19 entre negociadores.
LUSA/HN
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