“Qualquer cidadão que reside em território nacional, incluindo as Regiões Autónomas, pode participar [voluntariamente no sistema] e uma vez por semana recebe um email com um questionário onde lhe é pedido singelamente que responda se teve sintomas ou não”, disse à agência Lusa Ricardo Mexia, do Departamento de Epidemiologia do INSA.
No caso de não ter sintomas, disse, “demora cinco segundos a responder, se tiver sintomas é lhe pedido que seja um bocadinho mais descritivo e vamos tentar perceber tipicamente se tem alguma sintomatologia que seja compatível com a síndrome gripal”.
“Esta época fruto da pandemia e como também sabemos que a gripe provavelmente terá uma incidência muito mais reduzida, e ainda bem, estamos a monitorizar também sintomas que sejam compatíveis com a covid-19”, adiantou o especialista de Saúde Pública.
O projeto pretende também identificar padrões de sintomatologia compatível com a covid-19 para identificar tendências na evolução no número de casos.
“A diferença desta plataforma que é complementar, ou seja, não visa substituir as outras, é o facto de monitorizar a incidência na comunidade” com a participação de voluntários.
A informação disponibilizada pelos cidadãos no Gripenet não concorre com a que é obtida pelo Programa Nacional de Vigilância da Gripe, coordenado pelo INSA em articulação com a Direção-Geral da Saúde, tratando-se de metodologias e amostras diferentes, complementares, contribuindo para um melhor retrato da gripe em Portugal.
“um dos ‘segredos’ do sucesso do Gripenet é a sua simplicidade de uso e rapidez no preenchimento dos sintomas, bem como a transparência no tratamento dos dados, sabendo os participantes como o sistema interpretou o seu caso particular”, sublinha o INSA em comunicado.
Segundo o instituto, “os dados, anonimizados, são disponibilizados numa plataforma pública ‘online’, tornando o Gripenet, simultaneamente, um projeto de comunicação de ciência e um dos maiores repositórios sobre a gripe em língua portuguesa”.
Devido às suas características, o sistema Gripenet possibilita uma deteção precoce de eventuais anomalias, e uma captação de pessoas que recuperam da gripe sem recorrer aos serviços de saúde, com uma assinalável economia de recursos.
Ricardo Mexia lembrou que o projeto existe em Portugal desde 2005, fundado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, mas em 2015 passou a estar integrado no INSA, tendo já participado no projeto mais de 25 mil voluntários.
“Ao longo dos anos, os dados recolhidos têm permitido entender melhor a dinâmica de transmissão dos vírus Influenza, incluindo quais os fatores de risco associados à síndrome gripal, assim como o recurso aos sistemas de saúde ou os comportamentos face à doença”, afirma o INSA.
O Gripenet foi um dos fundadores da rede europeia Influenzanet, que conta já com dez países participantes. Sistemas semelhantes foram posteriormente adotados no México, Estados Unidos e Austrália, evidenciando a importância destes sistemas para a monitorização da saúde pública ao nível nacional e internacional, sublinha.
LUSA/HN
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