“Em todo o país estão preparados e alertados, mas para coisas como essas ninguém está preparado porque são situações imprevisíveis em termos de danos. Teremos de ter cuidado e todos os que estão nas zonas de risco é melhor saírem”, disse o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, durante um encontro com quadros do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), em Maputo.
Em causa está um alerta emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de Moçambique sobre a possibilidade da tempestade tropical moderada Chalane entrar no canal de Moçambique na segunda-feira, podendo evoluir até ao ponto de tempestade tropical severa e atingir a costa moçambicana na quarta-feira, com destaque para as províncias de Zambézia e Sofala, no centro do país.
Segundo o chefe de Estado moçambicano, o cenário “pessimista” aponta para quatro milhões de pessoas afetadas, além de existirem mais de seis mil escolas e 550 unidades hospitalares em zonas de risco.
“Estamos, mais uma vez, perante um problema. [O sistema] penetrou o Madagáscar e nesse momento está mesmo a evoluir. Está a chover muito lá e ele vai sair em direção ao canal de Moçambique, portanto para o nosso lado”, frisou o chefe de Estado.
Lembrando a experiência do ciclone Idai, que atingiu o país em 2019, Filipe Nyusi alertou para dificuldades de assistência face à crise humanitária causada pela covid-19 e a violência em Cabo Delgado, onde ataques de rebeldes armados provocaram uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados.
“Estamos numa fase de covid-19 onde não devemos nos distrair, as precauções tem de prevalecer. Estaremos na fase de inundações, temos em alguns pontos do país pessoas deslocadas”, referiu o Presidente moçambicano, destacando que será complexo garantir assistência aos afetados tendo em aberto “todas estas frentes”.
“É preciso ter cuidado, vai chover em todo o país a partir da altura em que [o fenómeno] penetrar no nosso território”, alertou.
Entre os meses de outubro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral, além de secas que afetam quase sempre alguns pontos do sul do país.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois ciclones (Idai e Kenneth) que se abateram sobre o centro e o norte.
LUSA/HN
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