Wang vai visitar Nigéria, República Democrática do Congo, Tanzânia, Botsuana e as Seychelles.
Há mais de duas décadas que o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês começa sempre o ano com uma viagem ao continente africano.
Este ano, a visita surge numa altura em que a pandemia da Covid-19 destruiu as economias africanas, agravando a crise da dívida de vários países do qual Pequim é um importante credor.
A África subsaariana enfrenta a sua primeira recessão em 25 anos, levando muitos países a pedir um perdão da dívida aos membros do G20, grupo que reúne as nações mais ricas do mundo.
Os credores chineses suspenderam o reembolso de 2,1 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) em juros, que deveriam ter sido pagos em 2020. Foi o valor mais alto entre os países do grupo do G20, segundo o ministro das Finanças da China, Liu Kun.
No entanto, o montante suspenso pela China é apenas parte dos 13,4 mil milhões de dólares (10,9 mil milhões de euros) que o país asiático tinha previsto receber, em 2020, dos 73 países envolvidos, segundo o Banco Mundial.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, disse que a visita “demonstra a grande importância que a China atribui às suas relações com África”.
O responsável acrescentou que a China vai apoiar os países africanos no combate ao vírus e na recuperação económica. O porta-voz apontou ainda para a cooperação no âmbito do plano internacional de infraestruturas lançado por Pequim, “uma faixa, uma rota”, que inclui a construção de portos, aeroporto ou linhas ferroviárias.
Analistas consideram, no entanto, que a crise da dívida levou o Banco de Importação e Exportação da China (Eximbank) e o Banco de Desenvolvimento da China (BDC), as duas principais instituições chinesas que concedem empréstimos a países africanos, a tornarem-se mais cautelosos, passando a exigir provas sobre a viabilidade dos projetos.
A visita de Wang Yi servirá ainda para preparar o Fórum de Cooperação entre China e África, que será organizado, no final do ano, no Senegal.
O país asiático tornou-se, em 2009, o maior parceiro comercial de África.
Segundo a universidade norte-americana Johns Hopkins, o Governo, bancos e empresas da República Popular da China emprestaram cerca de 143 mil milhões de dólares (131 mil milhões de euros) aos países africanos, entre 2000 e 2017.
A visita surge também numa altura em que a China, Europa ou Estados Unidos começam a vacinar as suas populações.
A vacina contra o novo coronavírus é vista como uma oportunidade para estender influência geopolítica e ganhar a simpatia dos países africanos. O Governo chinês tem sublinhado a importância de disponibilizar uma vacina para os países mais afetados do continente.
LUSA/HN
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