Portugal pode afirmar-se na presidência da UE “como mediador honesto sem agenda oculta”

7 de Janeiro 2021

O chefe da diplomacia cipriota considerou em entrevista à Lusa que a presidência portuguesa terá sucesso pelo facto de Portugal ser um país de média dimensão que pode afirmar-se como “um mediador honesto” e sem possuir uma “agenda oculta”.

“Acreditamos que Portugal pode ter uma presidência muito bem-sucedida. Não apenas tendo em consideração a experiência das anteriores presidências portuguesas, mas porque Portugal é um Estado-membro da UE de pequena-média dimensão e pode assumir a função de um mediador honesto, não possui uma agenda oculta”, referiu em entrevista à Lusa Nikos Christodoulides.

O governante cipriota, de 47 anos, manteve na quarta-feira em Lisboa conversações com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva, e quando Portugal passou a assumir a presidência semestral do Conselho Europeu da União Europeia (UE).

Em termos de prioridades, o ministro cipriota definiu como principais objetivos da presidência portuguesa o combate à pandemia do novo coronavírus e as medidas para enfrentar as consequências sociais e económicas da pandemia.

“Nestes tempos de desafios o principal objetivo da presidência portuguesa será na forma como combater o coronavírus, mas também a forma de enfrentar as consequências sociais e económicas da pandemia. É um grande desafio para a UE, e acredito que a presidência portuguesa será bem-sucedida nestas áreas”, assinalou o diplomata de carreira e que assume a pasta dos Negócios Estrangeiros desde março de 2018 no Governo da República de Chipre dirigido pela União Democrática (DISY, liberal-conservador) do Presidente Nikos Anastasiades.

Numa referência à situação em Chipre motivada pela pandemia de Covid-19, o ministro considerou o atual cenário “muito desafiante” e revelou que na próxima sexta-feira, o conselho de ministros do seu país “anunciará novas medidas que vão limitar muitas atividades da população para enfrentar estes tempos de grandes desafios”.

Nikos Christodoulides frisou que, em plena presidência portuguesa da UE, a pandemia irá revelar “sérios problemas económicos e sociais” em todos os Estados-membros.

“É o momento para a UE intervir e demonstrar a sua liderança não apenas na abordagem da pandemia, mas também face a todos os problemas económicos e sociais”, insistiu.

Perante a atual situação, em que o surto pandémico continua sem controlo, o chefe da diplomacia de Nicósia indicou que outro dos objetivos prioritários da presidência portuguesa consiste na “conclusão do plano [de recuperação e resiliência] para que os Estados-membros garantam o financiamento necessário para enfrentar a consequências económicas e sociais da pandemia”.

Numa referência à situação na República de Chipre, definiu-a como “difícil”, e adiantou: “Estamos na segunda vaga, como tem sido afirmado, já foram iniciadas as vacinas, vai levar algum tempo, mas até ao momento a situação é muito dura”.

“O turismo foi seriamente afetado com uma redução de 91% na última estação turística devido à pandemia, e que implica grandes desafios para a nossa economia. Mas de momento, a nossa prioridade é a saúde da população”, salientou.

LUSA/HN

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