Trata-se da mesma variante que chegou ao Japão depois de quatro viajantes japoneses visitarem a Amazónia brasileira, e que, segundo o vice-diretor de investigação da Fiocruz Amazónia, Felipe Naveca, apresenta uma série de mutações inéditas.
Uma nota técnica divulgada na terça-feira indica que as amostras analisadas nos japoneses acumulam um número “incomum” de alterações genéticas, além das verificadas na chamada proteína ‘Spike’ e que “se assemelham ao padrão observado” nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul.
“Se essas mutações conferirem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses”, diz o documento.
O texto explica também que as mutações detetadas são um “fenómeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021”, e “podem ser representantes de uma linhagem emergente no Brasil”.
O surgimento simultâneo de novas variantes do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, em diferentes partes do mundo, sugere “mudanças convergentes na evolução” do patógeno, o que tem despertado a preocupação da comunidade médica e científica em todo o mundo.
“O surgimento de novas variantes de Sars-CoV-2 que abrigam mutações na proteína ‘Spike’, que podem ter impacto na aptidão e na transmissibilidade viral, tem sido motivo de grande preocupação”, destacou a Fiocruz na nota técnica.
Esta semana, o Ministério da Saúde do Brasil já tinha confirmado que o Japão identificou em quatro viajantes provenientes do Brasil a nova estirpe, que possui doze mutações, incluindo a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e África do Sul, o que implica um maior potencial de transmissão do vírus.
Assim, a estirpe detetada na Amazónia é a segunda variante inédita do novo coronavírus identificada no Brasil.
No final de dezembro último, um grupo de investigadores detetou uma variação do patógeno no estado do Rio de Janeiro, que é, juntamente com a Amazónia, uma das regiões mais atingidas pela pandemia no Brasil.
Com cerca de 212 milhões de habitantes, o Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (204.690, e quase 8,2 milhões de infetados), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de 0ovid-19 provocou pelo menos 1.945.437 mortos resultantes de mais de 90,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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