Até agora, mais de 95 milhões de pessoas adoeceram com a Covid-19 e, a nível mundial, mais de dois milhões de pessoas morreram da doença. Muitos países entraram em confinamento, a fim de reduzir a propagação da infeção. O encerramento das escolas tem sido uma das medidas adotadas.
Segundo a UNESCO, em 195 países as escolas foram total ou parcialmente fechadas. Mesmo agora, centenas de milhões de crianças em todo o mundo não podem ir às suas escolas, forçadas a encerrar. Na Suécia, em contrapartida, os estabelecimentos de ensino pré-escolar, primário e secundário, permaneceram abertos.
Todavia, não existiam dados sobre o impacto das escolas quanto ao risco de as crianças serem gravemente afetadas pela Covid-19. Por esse motivo, investigadores do Instituto Karolinska realizaram um estudo com o objetivo de quantificar quantas crianças, com idades compreendidas entre 1 e 16 anos, foram tratadas numa unidade de cuidados intensivos por Covid-19 ou devido à síndrome inflamatória multi-sistema em crianças (MIS-C), estreitamente relacionada com a Covid-19.
Entre 1 de março e 30 de junho de 2020, 15 crianças com Covid-19 ou MIS-C foram tratadas em unidades de cuidados intensivos na Suécia, de acordo com os resultados da investigação, publicados no New England Journal of Medicine. “Isto equivale a 0,77 doentes em cuidados intensivos por 100 mil crianças nessa faixa etária. Quatro das crianças tinham doenças subjacentes. Nenhuma morreu nos dois meses seguintes ao período de internamento nos cuidados intensivos”, refere Jonas F. Ludvigsson, pediatra do Hospital Universitário de Örebro, professor do Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística do Instituto Karolinska e autor principal do estudo.
Sete das 15 crianças tinham MIS-C. Quatro crianças precisaram de ventilação mecânica invasiva. O período de internamento médio numa unidade de cuidados intensivos foi de quatro dias.
“É muito gratificante que a Covid-19 grave, aqui definida como necessitando de tratamento numa unidade de cuidados intensivos, seja tão rara entre as crianças, apesar de as escolas permanecerem abertas durante a pandemia. O passo seguinte será acompanhar as crianças que foram tratadas numa unidade de cuidados intensivos para confirmar se recuperaram completamente”, acrescenta Jonas F. Ludvigsson.
Este estudo foi possível graças à colaboração entre o “Swedish Intensive Care Registry” e o “Swedish Paediatric Rheumatology Registry”.
Informacão bibliográfica completa:
“Open schools, COVID-19 and child and teacher morbidity: A nationwide study.” Jonas F. Ludvigsson, Lars Engerstrom, Charlotta Nordenhall, Emma Larsson. New England Journal of Medicine, online 6 January 2021, doi: 10.1056/NEJMc2026670.
NR/AG/HN/Adelaide Oliveira
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