Marta Temido admite capacidade de resposta no limite

21 de Janeiro 2021

 A ministra da Saúde afirmou, esta quarta-feira, que a atual situação da pandemia da Covid-19 está a colocar a capacidade de resposta do setor no limite e admitiu que os números ainda vão se agravar nos próximos dias.

“Os profissionais de saúde têm nos levado a acreditar que conseguem sempre fazer mais um pouco, mas neste momento sinto que estamos muito próximo do limite e que há situações em que estamos no limite”, afirmou Marta Temido na RTP3.

Na “Grande Entrevista” conduzida pelo jornalista Vítor Gonçalves, a ministra reconheceu que se está a “atingir o limite da capacidade de resposta”, apesar do crescimento do número de camas disponíveis para doentes de Covid-19.

“Quando entramos na segunda vaga, em novembro, tínhamos afetas à Covid-19, em ambiente do Serviço Nacional de Saúde, cerca de 1.145 camas e hoje temos cinco mil”, assegurou Marta Temido.

A ministra frisou ainda que vários hospitais da Grande Lisboa estão numa “situação muitíssimo complexa”, o que tem obrigado à reutilização dos meios disponíveis, à instalação de mais camas, ao recurso a outros setores da saúde, ao reforço do número de testes e à utilização de novas metodologias de rastreio de casos de Covid-19.

“Neste momento, os números que enfrentamos são poderosíssimos com os quais nunca julgamos vermo-nos confrontados, embora a estimativa seja que esta tendência vai se agravar nos próximos dias” incluindo o número de mortes, afirmou Marta Temido.

De acordo com a ministra, o Governo utilizou “todas as respostas disponíveis” para responder à pandemia, começando, em abril, por “desenhar contratos para convenção, aos quais o setor privado poderia aderir em caso de necessidade de apoio ao Serviço Nacional de Saúde” (SNS), o que não se mostrou necessário na primeira vaga.

Em novembro, com o recrudescimento da situação epidemiológica, foi necessário ativar várias convenções na região Norte, adiantou Marta Temida, para quem “se não tivesse sido a colaboração de alguns grupos privados e do setor social, de hospitais-fundação e da União das Misericórdias Portuguesas, não teria sido possível vencer o mês de novembro”.

“Mais recentemente, temos procurado na Região de Lisboa e Vale do Tejo a celebração de todas as convenções possíveis para a prestação de cuidados de covid e não covid. Todos os dias procuramos aumentar a nossa capacidade de camas pagas pelo SNS”, garantiu a ministra.

Segundo disse, atualmente existem 52 acordos para apoio ao SNS, que podem incluir várias unidades de saúde do mesmo grupo, o que significa cerca de 850 camas dos setores privado e social e hospitais militares.

No caso concreto da Região de Lisboa e Vale do Tejo, foram formalizados quatro acordos para a prestação de cuidados covid com quatro instituições diferentes e 13 acordos para a área não covid, o que, no total, representa 165 camas que já estão a ser utilizadas.

“Além disso, temos o recurso aos hospitais militares e ao centro médico de Belém que, desde a primeira vaga, está a prestar apoio, num total de mais 120 camas”, disse a ministra, ao salientar que a exaustão e a falta de profissionais de saúde é o “grande problema”.

“Estamos a estudar mecanismos de reforço da disponibilidade dos profissionais de saúde, que podem passar pelo reforço da sua disponibilidade em termos financeiros”, adiantou.

Portugal registou quarta-feira 219 mortes relacionadas com a Covid-19 e 14.647 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

O boletim revela também que estão internadas 5.493 pessoas internadas, mais 202 do que na terça-feira, das quais 681 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 11, dois valores que também representam novos máximos da fase pandémica.

O número de internamentos está a subir desde o dia 1 de janeiro, dia em que estavam 2.806 pessoas internadas.

LUSA/HN

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