“Haja vacinas e o Porto está preparado”, afirmou o independente Rui Moreira, numa apresentação que juntou os hospitais da cidade, São João e Santo António, e a empresa de diagnóstico clínico Unilabs Portugal.
O espaço terá 12 linhas de vacinação, 20 enfermeiros em regime de rotatividade, bem como apoio técnico de farmacêuticos para um sistema ‘drive-thru’ semelhante ao que já foi usado para os rastreios de Covid-19, permitindo, neste caso, que as pessoas se desloquem ao espaço de carro e sejam vacinadas sem precisarem de sair da viatura.
Após ser administrada a vacina, o utente é encaminhado para um parque de estacionamento de recobro onde aguardará 30 minutos dentro do carro, tendo “assistência permanente” de pessoal de enfermagem que vai circular pelo espaço, descreveu o médico António Maia Gonçalves, da Unilabs.
O responsável também garantiu que o drive-thru’ do Queimódromo terá em permanência uma equipa de emergência preparada para responder “a qualquer, ainda que rara, reação anafilática que possa ocorrer”.
O investimento neste projeto não foi revelado, tendo Rui Moreira apontado que cabe à câmara a cedência do espaço, bem como recursos logísticos e apoio da Polícia Municipal.
A Unilabs cede os profissionais e material médico, cabendo aos hospitais um apoio suplementar dadas as características deste processo de vacinação.
“Não podemos correr o risco de, por inexperiência, desperdiçar vacinas que são um bem escasso atualmente. Pedimos apoio ao Hospital de São João, que disponibilizou farmacêuticos hospitalares para acompanhar o processo na fase inicial e dois enfermeiros de infecciologia”, descreveu o médico António Maia Gonçalves, da Unilabs.
Rui Moreira explicou que o modelo de vacinação é inspirado em projetos semelhantes desenvolvidos em países como Israel e EUA.
De acordo com as contas do autarca, para atingir a meta desenhada pelo Governo de vacinar, até a final do verão (21 de setembro), 65% da população portuguesa, “o país terá de ter a capacidade para administrar 55 a 60 mil vacinas por dia”, razão pela qual a autarquia, a Unilabs e os hospitais da cidade decidiram avançar com este centro.
“Isso [o plano do Governo] não é compaginável com o que está a acontecer atualmente, em que há poucas vacinas e a vacinação está a ser aplicada em hospitais e centros de saúde. Os hospitais e os centros de saúde devem servir para tratar doentes. Para vacinas há outras soluções, outras estruturas”, explicou.
Esta opinião foi partilhada pelo presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de São João, Fernando Araújo, que elogiou a “capacidade de visão do Porto” por “montar um esquema antes do necessário, para estar operacional quando existirem vacinas disponíveis”.
“A nossa vontade é vacinar o mais rapidamente possível e em segurança”, frisou.
Também Paulo Barbosa, presidente do Centro Hospitalar e Universitário do Porto, que inclui o Hospital de Santo António, destacou que permite “vacinar em segurança, com distância social”, algo “muito importante para que as pessoas adiram”.
“Iniciativas como esta devem ser replicadas”, defendeu.
A autarquia do Porto avançou já a possibilidade de preparar outros dois centros de vacinação, um deles nos Jardins do Palácio de Cristal, em modelo ‘walk-thru’, ou seja com entrada e saída a pé.
Um terceiro centro de vacinação pode abrir em São Roque da Lameira, nas instalações da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) que “a câmara está a adquirir e poderá adaptar”, disse Moreira.
“Uma dispersão por três partes da cidade, uma mais ocidental, uma mais central e uma mais oriental, vai ser mais cómoda para as pessoas”, referiu.
Questionado sobre se estes centros acolherão apenas portuenses, Rui Moreira disse acreditar que “outros municípios replicarão este modelo ou utilizarão este espaço”.
“E isso sem problema nenhum. As pessoas são encaminhadas para cá pelas autoridades de saúde e serão vacinadas sejam de onde forem, naturalmente”, concluiu.
O centro de vacinação contra a Covid-19 ‘drive-thru’ do Queimódromo do Porto estava preparado para arrancar dia 15 com a vacinação de 3.000 agentes da PSP, mas o processo foi cancelado por iniciativa do Comando Nacional, descreveu Rui Moreira.
A agência Lusa solicitou esclarecimentos à PSP e aguarda resposta.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.341.496 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,8 milhões de casos de infeção.
Lusa/HN
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