Morreram mais de 100 mil pessoas com Covid-19 em África

19 de Fevereiro 2021

O continente africano ultrapassou as 100 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus, enfrentando neste momento um perigoso aumento dos casos e numa altura em que se verifica uma escassez de equipamentos de oxigénio.

Os dados são do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana.

O continente composto por 54 Estados e habitado por 1,3 mil milhões de pessoas está longe de conseguir lotes de vacinas contra a Covid-19 enquanto a variante sul-africana do vírus faz temer o aumento do número de contágios.

De acordo com a Associated Press, as autoridades de saúde dos vários países africanos que no ano passado mostraram algum alívio quanto à expansão da pandemia demonstram agora preocupação devido ao aumento do número de óbitos provocados pela doença.

Comparando com os meses anteriores, em janeiro as mortes provocadas pelo Covid-19 aumentaram 40% em África, de acordo com a responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o continente, Mathsidiso Moeti.

Na semana passada, a responsável disse aos jornalistas que nas últimas quatro semanas tinham morrido mais de 22 mil pessoas de Covid-19 em África.

O aumento do número de óbitos foi um “trágico aviso que indica que os profissionais de saúde e os sistemas dos vários países em África estão – perigosamente – em rutura” disse a mesma responsável.

África atingiu as 100 mil mortes confirmadas de SARS CoV-2 pouco depois de se ter assinalado um ano sobre o primeiro caso de contágio detetado no continente: no Egito no dia 14 de fevereiro de 2020.

Por outro lado, os especialistas referem que por todo o continente muitas pessoas têm morrido da doença apesar dos óbitos não constarem das listas oficiais de vítimas mortais.

A África do Sul é o país mais atingido do continente, tendo registado um aumento de 125 mil mortes provocadas “por causas naturais” entre os dias 03 de maio de 2020 e o passado dia 23 de janeiro.

Apesar de não ser seguro que estas mortes foram provocadas pelo novo coronavírus, existe uma “correspondência direta entre o excesso de mortes e o aumento dos casos confirmados por Covid-19 em todas as províncias, naquele período de tempo”, disse o Conselho de Investigação Médica da África do Sul.

Como a maioria dos países africanos não dispõe de meios para rastrear a mortalidade, não é possível ainda apurar o excesso de óbitos em todo o continente desde o início da pandemia.

“Não estamos a contar todas as mortes, especialmente as que ocorreram na segunda vaga”, disse John Nkengasong do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana.

O virologista camaronês acrescentou que, apesar de “não se ver um aumento massivo de mortes”, a maior parte das pessoas no continente conhecem alguém que morreu de Covid-19.

“As pessoas estão a morrer devido à falta de cuidados básicos”, alertou acrescentando que se verifica uma falência de meios médicos como aparelhos de respiração assistida.

Neste momento, 21 países em África registam um número respeitante à mortalidade muito superior à média dos anos anteriores, disse Nkengasong referindo-se em concreto ao Sudão, Egito, Libéria, Mali e Zimbabué.

Os casos de morte por doença são mais elevados do que a média de 2,6% registada nos anos anteriores à pandemia.

“A segunda vaga veio com muita força em parte por causa da nova variante (da África do Sul), e porque se verificaram condições de ‘super disseminação'” como o período de férias, disse Salim Abdool Karim, conselheiro do governo sul-africano para as questões relacionadas com a pandemia de Covid-19.

No caso da Tanzânia não se conhece o exato número de mortes por Covid-19 e mesmo de infeções porque o país de 60 milhões de habitantes deixou de atualizar os números no passado mês de abril.

Lusa/HN

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