ONU admite que vacinação dos refugiados irá durar pelo menos até 2022

18 de Março 2021

A ONU alertou esta quinta-feira que a vacinação contra a doença Covid-19 da população mundial de refugiados corre o risco de se prolongar além de 2022, devido à lenta distribuição de doses em certos países.

O alerta foi feito pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) que, em dezembro passado, lançou um apelo aos doadores internacionais de 455 milhões de dólares (cerca de 382 milhões de euros) perante as dificuldades adicionais de prestar ajuda a esta comunidade composta por vários milhões de pessoas em todo o mundo por causa da atual pandemia.

“Agora, a luta é sobre as vacinas”, declarou o diretor da divisão de Resiliência e Soluções do ACNUR, Sajjad Malik, numa conferência de imprensa.

“O ano de 2021 é apenas o início”, afirmou o representante, admitindo que as campanhas de vacinação terão certamente “de prosseguir em 2022 e mais adiante porque a vacina está a chegar muito lentamente” em alguns países.

No ano passado, e já em plena pandemia do novo coronavírus, o número de refugiados, de deslocados internos e de requerentes de asilo existentes no mundo ultrapassou os 80 milhões, um valor recorde, de acordo com o ACNUR.

A situação destas pessoas, frequentemente precária, não melhorou durante a crise sanitária.

Muitos daqueles que vivem em zonas urbanas perderam os respetivos trabalhos e empobreceram, enquanto aqueles que estão em zonas rurais remotas enfrentaram ainda mais dificuldades no acesso a cuidados médicos e a testes de diagnóstico da doença Covid-19.

“Num período muito curto de tempo, entraram numa espiral de pobreza. Isto começa a ser agora visível”, referiu Sajjad Malik.

Os fundos recentemente solicitados pelo ACNUR vão também permitir reforçar a vertente do ensino das crianças refugiadas.

Cerca de 48% das crianças refugiadas estão fora das salas de aula devido à pandemia, com as raparigas a serem as mais afetadas, segundo a agência da ONU.

“Muitas destas crianças correm o risco de não voltar à escola depois de um ano sem escola”, reforçou o representante.

No início da pandemia, em 2020, as organizações humanitárias temeram que as taxas de infeção entre os refugiados fossem muito elevadas, por causa do nível de vulnerabilidade destas pessoas e das respetivas condições de vida precárias.

Mas, segundo indicou o diretor da divisão de Resiliência e Soluções do ACNUR, as taxas observadas foram e são basicamente semelhantes às dos países onde estas pessoas estão refugiadas.

Até à data, cerca de 63.000 refugiados foram infetados com o novo coronavírus em todo o mundo, de acordo com Marian Schilperoord, diretora-adjunta da divisão de Resiliência e Soluções do ACNUR.

No entanto, segundo admitiu a organização, o número real de infeções poderá ser muito maior, uma vez que muitos não são testados e alguns países não distinguem os refugiados nas suas estatísticas nacionais.

De acordo com o ACNUR, vários países (um total de 106) incluíram os refugiados nos seus programas nacionais de vacinação.

“Eles sabem que se deixarem uma parte da população de fora, toda a população está em risco”, concluiu Sajjad Malik.

A pandemia da doença Covid-19 provocou pelo menos 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus (SARS-Cov-2) detetado em dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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