Investigadores concluem que perturbações no relaxamento cardíaco podem aumentar até 3 vezes risco de morte

31 de Março 2021

Uma investigação desenvolvida na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que as pessoas com disfunção diastólica, uma perturbação do relaxamento cardíaco, apresentam um risco três vezes superior de desenvolver patologias cardiovasculares e risco de morte.

Durante o ciclo cardíaco, verificam-se dois momentos importantes: a sístole e a diástole. O primeiro corresponde ao momento em que o sangue é bombeado do coração para a artéria aorta, enquanto que o segundo se refere ao instante em que o sangue entra no coração e se verifica, ao mesmo tempo, o relaxamento do músculo cardíaco. E é neste segundo momento – a diástole – que pode ser detetada a chamada disfunção diastólica.

Para chegar à conclusão sobre o aumento do risco de morte, os investigadores da FMUP, em parceria com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, analisaram os dados de 19 artigos científicos publicados ao longo da última década, que relacionavam a presença de disfunção diastólica em adultos e a ocorrência de eventos cardiovasculares e de morte, num universo de aproximadamente 63 mil indivíduos.

“Os resultados mostraram que a disfunção diastólica se associa a um aumento de 3,5 vezes do risco de um evento cardiovascular grave, como insuficiência cardíaca ou enfarte agudo do miocárdio, e a um aumento de 3,1 vezes do risco de morte por todas as causas”, esclarece Ricardo Ladeiras-Lopes, investigador da FMUP e autor principal deste trabalho de investigação.

Em comunicado, os investigadores salientam que, segundo dados europeus, a perturbação do relaxamento cardíaco afetará cerca de uma em cada três pessoas, sendo mais recorrente em idosos, obesos, diabéticos e pessoas hipertensas ou com síndrome metabólico.

A intolerância ao exercício, a falta de ar e o cansaço fácil são alguns dos principais sintomas da disfunção diastólica, “embora algumas pessoas possam ser perfeitamente assintomáticas e nem se aperceberem de nada numa fase inicial”, referem.

De acordo com Ricardo Ladeiras-Lopes, “é fundamental que durante a realização do ecocardiograma na investigação do doente com suspeita de patologia cardiovascular, seja procurada esta possível alteração, para que se possa gerir de forma mais agressiva o conjunto de fatores de risco associados à disfunção diastólica”.

“Estando presente, reforça ainda mais a necessidade de promover hábitos de vida saudável nestes indivíduos”, sublinha o cardiologista do Porto, citado no comunicado.

LUSA/HN

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