O trabalho foi publicado na revista de pediatria JMA e dirgido por Rachel Kidman.
“As crianças que perderam um dos pais correm um risco elevado de sofrer um choque traumático, depressão, maus resultados escolares, morte involuntária e suicídio”, alertam os especialistas, considerando que as consequências “podem persistir até à idade adulta”.
Os autores comparam esta situação com os atentados terroristas contra as torres gémeas em 2001, um acontecimento que deixou três mil crianças sem um dos familiares.
Advertem também que estas perdas, devido à pandemia, têm lugar num momento de isolamento social, dificuldades de funcionamento das instituições e problemas económicos, que “podem deixar as crianças em risco sem o apoio que precisam”.
O estudo combina dados sobre a mortalidade durante a pandemia de Covid-19 com informação sobre as ligações de parentesco para quantificar quantas crianças até aos 17 anos nos Estados Unidos perderam um dos pais.
Assim, os investigadores concluíram que a pandemia deixou, num ano, entre 18% a 20% mais órfãos do que o habitual.
O documento sustenta igualmente que as crianças negras foram as mais afetadas e detalha que, representando os menores afroamericanos 14% da população, cerca de 20% desses menores perdeu pelo menos um dos pais.
Em comunicado da Universidade Stony Brook, Kidman advertiu para as consequências adversas da pandemia nos menores.
“As consequências da pandemia de Covid-19 nas crianças, desde o aumento da violência física até à insegurança alimentar, deixaram uma marca nesta geração. Mostramos que as crianças também estão a vivenciar cada vez mais a morte dos pais, o que pode ter consequências graves e duradouras”, apontou Kidman.
Por isso, na apresentação do estudo sublinha-se que são necessárias “reformas nacionais radicais para abordar as consequências sanitárias, educativas e económicas, que afetam as crianças (…), particularmente durante este período de maior isolamento social”.
LUSA/HN
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