Em declarações aos jornalistas, durante uma visita a um centro social, em Lisboa, a propósito das dúvidas sobre a ligação entre a vacina da AstraZeneca e casos de coágulos sanguíneos, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que esta “é uma situação incómoda para a Europa como um todo”.
“Porque há uma Agência Europeia do Medicamento (EMA) que diz de sua justiça acerca da validade e da eficácia das vacinas e depois surgem dúvidas periodicamente aqui e acolá e os Estados reagem de forma diferente perante essas dúvidas, o que, tenho de admitir, perturba as opiniões públicas”, disse.
O chefe de Estado defendeu que a União Europeia deve assumir “uma posição unida, clara e duradoura” sobre esta matéria.
“Que seja rápido este processo de reavaliação dessa vacina, que seja rápida a decisão da EMA e que seja rápida e clara a posição dos países da União Europeia, porque todos estamos interessados nisso, todos, à escala europeia, e todos estamos interessados nisso em Portugal”, acrescentou.
O Presidente da República realçou que “a vacinação é uma condição fundamental num bom processo de desconfinamento”, juntamente com a testagem, e manifestou-se preocupado.
No seu entender, o processo de produção e distribuição de vacinas no espaço europeu “tem sido uma via sacra”, com “um conjunto de problemas que se têm acumulado no tempo”.
“De 15 em 15 dias descobre-se mais um problema, ou é no fornecimento, ou é em questões de análise ou reanálise do processo produtivo. Têm surgido as questões mais variadas”, lamentou.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que espera “que a decisão sobre a vacinação e sobre a vacina em concreto seja rápida”.
Questionado sobre o papel de Portugal como Estado-membro que preside ao Conselho da União Europeia neste primeiro semestre de 2021, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que tem acompanhado “par e passo” a atuação do Governo e disse que este “tem sido muito claro no relacionamento com os produtores” de vacinas e que “o próprio primeiro-ministro tem tido contactos” neste âmbito.
“Não é conhecido, mas Portugal fez um esforço nas últimas semanas para conseguir quase a quadratura do círculo, porque havia países que precisavam de mais vacinas do que aquilo que proporcionalmente lhes cabia, e havia países que se queriam dissociar, quer dizer, separar do processo conjunto europeu de vacinas. Eram dois grupos diferentes, um de cinco e um de três Estados”, revelou.
Segundo o chefe de Estado, “foi possível, com negociações complexas, numa matéria que exigia em princípio o acordo de todos, chegar-se a uma conclusão, repartindo as vacinas entre os vários Estados, olhando para a situação mais grave e mais complicada daqueles cinco, e de alguma maneira tratando, na medida em que era possível tratar, a situação dos três que queriam seguir um caminho parcialmente paralelo”.
O entendimento foi conseguido através da “chamada deliberação por silêncio”, que implica que ninguém se pronuncie colocando em causa o acordo, adiantou, observando que “foi difícil chegar a um acordo nessa base, não foi fácil”.
“Tem sido difícil para todos, para a Comissão Europeia, em primeiro lugar, para a Alemanha, uma vez que a negociação das vacinas foi feita ainda durante a presidência alemã, e para Portugal, porque tem a presidência agora. Tem sido um processo difícil. Mas é um processo em que surgem surpresas a cada passo e há que enfrentá-las todos os dias, todas as semanas, e seguir em frente”, afirmou.
LUSA/HN
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