O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou hoje que a vacina do laboratório anglo-sueco, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, não deve continuar a ser administrada naquele país a pessoas com menos de 50 anos, a menos que já tenham recebido uma primeira dose sem efeitos secundários.
“Assumimos as precauções necessárias com base nos melhores conselhos médicos possíveis”, declarou Morrison, que foi aconselhado pelo conselho consultivo médico australiano a seguir o exemplo de outros países, em particular na Europa, que já decidiram limitar a administração da vacina da AstraZeneca.
Na quarta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) indicou uma “possível ligação” entre a vacina da farmacêutica AstraZeneca e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários, dada a gravidade da pandemia.
No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que tal ligação é “plausível, mas não confirmada”.
Vários países já decidiram traçar limites e não administrar a vacina da AstraZeneca abaixo de certas idades por uma questão de segurança: 30 anos no Reino Unido, 55 anos em França, Bélgica e Canadá, 60 anos na Alemanha, Itália e nos Países Baixos ou 65 anos na Suécia e na Finlândia.
A Austrália, que reporta até à data menos de 30 mil casos de infeções pelo novo coronavírus e mil óbitos numa população total de 25 milhões de habitantes, tinha até esta quinta-feira um milhão de doses de vacina anti-Covid-19 administradas, um desempenho aquém dos planos traçados pelo Governo.
O país conta com a vacina da AstraZeneca para imunizar a maior parte da sua população, através de doses importadas da Europa, mas também de doses produzidas localmente.
Mas a escassez de vacinas na Europa levou a atrasos nas entregas da AstraZeneca e os carregamentos previstos de outras vacinas (Pfizer/BioNTech e Novavax) ainda não começaram.
“Quero reiterar que encorajamos fortemente as pessoas com 50 anos ou mais anos a receberem a vacina da AstraZeneca, uma vez que é uma vacina muito eficaz para evitar complicações graves da Covid-19”, referiu, por sua vez, Brendan Murphy, chefe do departamento de saúde do Governo australiano, acrescentando que o risco de coágulos sanguíneos associado à vacina era “extraordinariamente baixo”.
A Austrália reportou até à data um caso de formação de coágulos sanguíneos numa pessoa que recebeu o fármaco.
Também hoje as Filipinas decidiram suspender, de forma temporária, a administração do fármaco do laboratório anglo-sueco a pessoas com menos de 60 anos.
“Quero salientar que esta suspensão temporária não significa que a vacina não seja segura ou ineficaz, apenas significa que estamos a tomar medidas de precaução para garantir a segurança de todos os filipinos”, afirmou o diretor-geral da Administração de Alimentos e de Medicamentos das Filipinas (FDA), Eric Domingo.
As Filipinas receberam um envio inicial de 525.600 doses da vacina da AstraZeneca através da plataforma internacional COVAX, que visa assegurar o acesso global e equitativo às vacinas.
“Estamos conscientes da recomendação da EMA (…). Embora não tenhamos registado qualquer incidente deste tipo no país, estamos a suspender temporariamente o uso da vacina a menores de 60 anos de idade enquanto aguardamos os resultados da avaliação dos nossos peritos locais, bem como a orientação oficial da OMS”, acrescentou Eric Domingo.
Entre os países mais afetados pela pandemia de Covid-19 na Ásia, as Filipinas traçaram o objetivo de vacinar este ano até 70 milhões de pessoas, ou seja, dois terços da sua população.
O país atravessa atualmente um pico de infeções pelo SARS-CoV-2 com 167.279 casos ativos.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.890.054 mortos no mundo, resultantes de mais de 133 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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