Em entrevista à agência Lusa, João Fadiá explicou que o diálogo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), retomado em 2020, “graças às ações e medidas concretas” introduzidas nas Finanças Públicas, permitiu que a Guiné-Bissau beneficiasse da Facilidade de Crédito Rápido e isso permitiu ao país mobilizar 50% da sua quota, ou seja, 20 milhões de dólares (16,8 milhões de euros), que entraram nas contas em janeiro.
“Isso foi aprovado pelo conselho de administração onde introduzimos um pedido de extensão do programa. Como durante três anos a Guiné-Bissau não teve programa com o FMI, isso, regra geral, passa por um programa de referência e esse programa é negociado entre o país e o departamento africano e se tudo correr bem pode transformar-se num programa normal do FMI, que é financiado”, explicou o ministro.
Segundo João Fadiá, o programa de referência não tem financiamento, mas exige evidências de boas práticas e são acordadas algumas metas.
“Se forem cumpridas, mostra-se que é bom aluno e passa-se para fase seguinte”, disse, salientando que a visita do FMI vai ocorrer entre 28 de abril e 18 de maio.
O programa de referência, segundo o ministro, inclui três revisões, a última das quais em março de 2022.
“Se tudo correr bem, em março de 2022 poderá ser feito um Programa de Crédito Alargado. E se tudo correr bem, haverá um segundo saque de facilidade do crédito rápido”, ou seja, se o programa de referência for satisfatório a Guiné-Bissau terá acesso a mais 20 milhões de dólares, disse.
“O programa de referência é mais ou menos um entrar na convivência com o FMI, o que vai permitir a outros doadores institucionais terem condições para voltar a pensar dar apoios orçamentais à Guiné-Bissau”, salientou o governante.
Para 2021, o ministro das Finanças está otimista com as previsões que apontam para o crescimento económico a rondar o 5% e com a campanha de comercialização e exportação do caju, base da economia guineense.
Apesar de reconhecer que a dependência económica do caju representa um risco elevado, João Fadiá salientou que o primeiro problema a resolver é o aumento da produção do arroz, base alimentar dos guineenses.
“Se conseguirmos ter um nível de produção de arroz que permita a autossuficiência, o primeiro problema está resolvido”, disse, salientando que o aumento da produção do arroz baixa o risco do caju, porque hoje a população troca o fruto por arroz para ter segurança alimentar.
Mais de 80% da população guineense depende direta ou indiretamente da produção de caju.
No ano passado, a Guiné-Bissau reduziu a exportação de caju devido à pandemia do novo coronavírus e perdeu vários milhões de euros, segundo um relatório da Agência Nacional de Caju.
NR/HN/LUSA
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