Estes indicadores constam da publicação dos Instituto Nacional de Estatística (INE), “Um ano de pandemia: uma breve síntese”, hoje divulgado, no qual é sublinhado que o número médio mensal de 11.170 óbitos aumentou 21,9%, que combinado com a redução de 4,6% dos nascimentos “determinou um agravamento do saldo natural negativo [indicador calculado a partir da diferença entre nados vivos e óbitos], que passou de 23.441, no ano pré-pandémico para 51.680”.
O número de óbitos “significativamente superior ao normal” traduziu-se num excesso de 1.925 mortes em média mensal em relação ao período pré-pandémico, em comparação com os cinco anos anteriores, dos quais 1.363 estão associados ao novo coronavírus.
Outro dos indicadores analisados pelo INE foi o emprego, que sofreu uma contração de 2,1%, registando-se, em contrapartida, um aumento da taxa de desemprego de 6,7% para 7,2% e da taxa de subutilização do trabalho de 12,9% para 14,5%, apesar das medidas de apoio ao emprego e ao rendimento, como o ‘lay-off’ simplificado.
As estatísticas mostram também que no último ano houve uma destruição dos empregos com salários mais baixos.
À semelhança do emprego, o Produto Interno Bruto (PIB) do país sofreu uma contração de 8,4% face ao ano pré-pandémico.
Porém, o défice comercial registou uma redução, que em termos médios correspondeu a uma melhoria de 602 milhões de euros, devido a uma diminuição mais acentuada das importações de bens do que das exportações (-17,4% e -11,2%, respetivamente).
A pandemia de Covid-19 também atingiu de forma muito negativa as atividades turísticas e conexas, destacando-se a contração da procura dos respetivos serviços pelos turistas, fazendo com que a balança de bens e serviços tenha apresentado um saldo negativo, apesar da redução do défice comercial.
Também foram significativos os impactos negativos em serviços de consumo individual e coletivo e, em menor grau, na indústria e na agricultura.
“O decréscimo acentuado da aquisição de automóveis ligeiros de passageiros indica que a contração do consumo final das famílias terá sido particularmente acentuada na sua componente de bens duradouros”, analisa o INE.
De março a dezembro de 2020, a necessidade de financiamento das Administrações Públicas situou-se em -7,2% do PIB (+0,1% no período homólogo do ano pré-pandémico) e a taxa de poupança das famílias atingiu 16% do seu rendimento disponível (9,6% no período homólogo do ano pré-pandémico), reflexo das medidas de política pública de apoio ao emprego, mas também da forte contração do consumo devido às restrições à mobilidade e ao acesso a muitos serviços e bens de consumo.
A atividade da construção mostrou “alguma resiliência”, tendo-se registado nomeadamente um crescimento em termos médios nas transações de alojamentos novos (+7,3% em valor), das vendas de cimento em quantidade (8%) e um aumento de 7,8% dos preços da habitação e das rendas, relativamente ao ano pré-pandémico.
Na área do ambiente, houve uma redução de 13,7% na emissão de gases de efeito de estufa, o que representa uma variação de -9,9% no período pré-pandemia.
Segundo a síntese do INE, na comparação de resultados estatísticos sobre o primeiro ano da pandemia (março de 2020 a fevereiro de 2021) com o período pré-pandémico (março de 2019 a fevereiro de 2020), a generalidade dos indicadores evidencia um impacto significativo da pandemia, na demografia e da atividade económica global.
LUSA/HN
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