Alemanha destina 5M€ a estudos sobre sintomas persistentes

31 de Maio 2021

O Ministério da Educação e Investigação alemão destinará cinco milhões de euros para apoiar estudos sobre sintomas persistentes em pacientes que foram infetados pelo novo coronavírus, que atualmente representam entre 360.000 e 500.000 pessoas na Alemanha.

A ministra da Educação e Investigação, Anja Karliczek, sublinhou hoje, durante uma conferência de imprensa, a importância de decifrar os sintomas pós-Covid-19, sobre os quais ainda não existem conhecimentos suficientes, para poder tratar os doentes da melhor forma possível.

O objetivo do financiamento das investigações é aumentar os conhecimentos nesta matéria – a partir dos dados científicos já disponíveis -, destinando-se principalmente a grupos de investigação interdisciplinares com acesso a pacientes, dados e exames.

A ministra alemã deu como exemplo de informação disponível os dados recolhidos por uma rede de 36 clínicas universitárias, financiadas com 150 milhões de euros pelo Ministério, e que já tem entre os seus projetos um dedicado aos sintomas persistentes da Covid-19.

Anja Karliczek garantiu que a Alemanha está no caminho certo para superar a pandemia com números que refletem uma tendência positiva, mas sublinhou que há um número “considerável” – o de pacientes com sintomas persistentes – que continua a causar grande preocupação.

A Alemanha totalizou 3.681.126 casos positivos desde o início da pandemia, dos quais 10% dos pacientes estão a lutar com complicações pós-Covid-19, ou seja, com sintomas que duram mais de três meses, disse a responsável alemã.

O que é “traiçoeiro” nos sintomas pós-Covid-19 é que aparecem independentemente de como cada paciente superou a infeção, com um quadro clínico sério ou com poucos ou nenhum problema, acrescentou.

Os sintomas são muito individuais e muito diferentes, de “natureza multifatorial”, como cansaço extremo, dor de cabeça, falta de ar e problemas de concentração, entre os cinquenta já observados em pacientes, especificou a ministra.

Stefan Schreiber, diretor da Clínica de Medicina Interna e do Instituto de Biologia Molecular da Clínica Universitária de Schleswig-Holstein, declarou que não é a sequela de um vírus do qual o paciente ainda não se recuperou, mas sim “um novo quadro clínico próprio”.

Schreiber destacou que pouco mais de 10% revelam “consequências graves” seis a nove meses após a recuperação do novo coronavírus e que hoje representam entre 360 mil e 500 mil pessoas, às quais mais serão acrescentadas nos próximos meses.

“Temos poucas respostas a oferecer” e “temos a obrigação, também como cientistas, de responder sobre como agir diante de uma doença que está a ser gerada”, acrescentou.

A ministra alemã alertou ainda que as sequelas deixadas pela Covid-19 terão “enormes consequências” no sistema de saúde, também em termos de custo económico.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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