Vencedor da Estação Imagem diz que pandemia foi “prova de fogo” para o fotojornalismo

13 de Junho 2021

O fotojornalista Gonçalo Delgado, que venceu o principal prémio da Estação Imagem 2021 Coimbra, disse hoje que a pandemia de covid-19 foi uma "prova de fogo" para o fotojornalismo.

“Esta foi uma altura de prova de fogo, em que tínhamos que documentar o que estava a acontecer em Portugal”, afirmou Gonçalo Delgado à agência Lusa no final da cerimónia de entrega de prémios da Estação Imagem, que decorreu na Antiga Igreja do Convento São Francisco.

O fotojornalista ‘freelancer’ venceu o principal prémio de fotojornalismo em Portugal com um trabalho feito no Hospital de Braga, em que a unidade de obstetrícia e a de cuidados intensivos covid-19 estão separadas apenas por um andar, pondo “em confronto a vida e o espectro da morte, o nascimento e a agonia”.

“Eu estava com uma vontade muito grande de documentar o que estava a acontecer”, contou, referindo que, quando foi para o hospital, já tinha intenção de fazer um trabalho “diferente do tradicional” da “desgraça do covid e das mortes”.

Cinco minutos depois de chegar ao hospital, Gonçalo Delgado teve acesso a um parto com recurso a cesariana e fotografou-o, para fazer “um paralelismo entre nascimento e a morte, que é separada apenas por um andar”.

“Acho que isso traz uma narrativa diferente da desgraça a que estamos habituados com a pandemia. Sempre quis fazer alguma coisa que não fosse apenas a pandemia, mas viver a pandemia a partir dos olhos de uma pessoa que está prestes a dar à luz, que está prestes a criar vida e não a perdê-la, como tem sido constante neste ano”, explicou.

Para o presidente do júri da Estação Imagem, Thomas Borberg, antigo editor-chefe de fotografia do Politiken, da Dinamarca, e também jurado do World Press Photo, o trabalho vencedor capta o principal tópico do ano que passou, mas notou que “não é uma história fácil de contar”.

A história foi contada “de uma forma em que consigo perceber o que estava a acontecer, em que consigo perceber a forma como a pandemia nos afetou”, frisou.

O presidente do júri realçou ainda a importância de jornais e outros órgãos de comunicação social darem prioridade ao fotojornalismo.

“Uma coisa é tirar uma fotografia e partilhar. Outra é contar uma história. Precisamos de mais ‘storytellers’ para contar histórias que queremos ver não apenas hoje e amanhã, mas também daqui a dez anos”, realçou.

Esta foi a quarta edição em que o Estação Imagem decorreu em Coimbra.

LUSA/HN

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