“Vimos alguns dados preliminares no Reino Unido que de facto mostrariam que esta vacina [a Vaxzevria, novo nome da vacina da AstraZeneca] é protetora contra a variante Delta, mas também que uma segunda dose aumentaria a proteção bastante significativamente”, declarou o chefe da estratégia de vacinas da EMA, Marco Cavaleri.
Falando em conferência de imprensa virtual a partir da sede do regulador da União Europeia (UE) em Amesterdão, na Holanda, o especialista acrescentou: “Considerando que a proteção da primeira dose é um pouco inferior à que vemos com a variante Alfa [a detetada no Reino Unido], que está agora a circular na maior parte da Europa, será de facto importante tentar ver se o intervalo entre as duas doses poderia ser encurtado”.
Em Portugal, o intervalo da toma da segunda dose da vacina da AstraZeneca foi reduzido hoje de 12 para oito semanas para garantir “mais rápida proteção” perante a transmissão de novas “variantes de preocupação” do vírus SARS-CoV-2, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Na norma hoje divulgada, a DGS indica que o esquema vacinal da Vaxzevria é de duas doses com intervalo de oito a 12 semanas, “sendo atualmente recomendado o intervalo de oito semanas de forma a garantir a mais rápida proteção” conferida pela vacinação completa “perante a transmissão de novas variantes de preocupação do SARS-CoV-2”, como a variante Delta, associada à Índia.
Na terça-feira, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, disse que estão a surgir provas que demonstram que a variante Delta do SARS-CoV-2 “diminui a força do escudo protetor” criado pelas vacinas, instando à aceleração da vacinação completa da população.
Na norma hoje publicada, a DGS recomenda que, nas pessoas com 60 ou mais anos, a segunda dose da vacina AstraZeneca deverá ser administrada com um intervalo de oito semanas após a primeira dose.
Já nos menores de 60 anos, deverá ser administrada uma dose de vacina de mRNA – que utiliza a tecnologia RNA mensageiro, como as da Pfizer/BioNTech e Moderna – com um intervalo de oito semanas após a primeira dose de Vaxzevria.
Questionado hoje sobre a administração de outros fármacos após a primeira dose da AstraZeneca, Marco Cavaleri indicou que o regulador europeu tem “conhecimento da possibilidade de utilizar uma abordagem de misturar e combinar diferentes vacinas ao longo das campanhas de vacinação nos Estados-membros”.
“Esta é uma abordagem que se revelou bem sucedida no passado no contexto da utilização de outras vacinas e é bem conhecido que misturar e combinar vacinas muitas vezes acaba por ter uma melhor resposta imunitária”, referiu o responsável.
No que toca à vacina anticovid-19, ainda existem “provas limitadas sobre a opção de misturá-las e combiná-las”, embora “alguns estudos preliminares tenham mostrado que, de facto, a resposta imunológica parece ser satisfatória e não surgiram questões particulares numa perspetiva de segurança”, notou.
“Portanto, parece que poderia ser uma estratégia que poderia ser utilizada, mas é claro que há poucas provas e é muito importante que recolhamos mais informação e monitorizemos cuidadosamente”, adiantou o especialista da EMA.
Numa altura em que mais de metade da população da UE tem a primeira dose da vacina anticovid-19, estão aprovadas quatro pela EMA: a Comirnaty (nome comercial da vacina Pfizer/BioNTech), Moderna, Vaxzevria e Janssen (grupo Johnson & Johnson).
LUSA/HN
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