Agências da ONU pedem reabertura de escolas e alertam para “catástrofe geracional”

12 de Julho 2021

O encerramento das escolas devido à Covid-19, situação que ainda afeta “mais de 156 milhões de estudantes em 19 países", “não pode continuar”, defenderam esta segunda-feira duas agências da ONU, alertando para o risco de uma “catástrofe geracional”.

“Passaram 18 meses desde que a pandemia de covid-19 começou e a educação de milhões de crianças continua a ser perturbada. (…) Esta situação não pode continuar. As escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir”, defenderam as diretoras-executivas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Henrietta Fore e Audrey Azoulay, respetivamente, numa declaração conjunta.

As representantes destas duas agências do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU) entendem que a reabertura das escolas (primárias e secundárias) não pode esperar pelo fim da crise pandémica, nem mesmo pela conclusão da vacinação de todos os alunos e funcionários, argumentando que a abertura das salas de aula pode ser feita “com segurança”, sobretudo porque os estabelecimentos de ensino “não constam entre os principais locais de propagação” do novo coronavírus.

Por outro lado, salientaram Henrietta Fore e Audrey Azoulay, “poderá ser impossível evitar o impacto que vão sentir as crianças e os jovens que não puderam frequentar a escola”.

“Seja na perda de aprendizagem, na angústia psicológica, na exposição à violência e a abusos, na falta de refeições escolares e de vacinas, ou na falta de socialização, as consequências para as crianças serão sentidas a todos os níveis: no seu desempenho escolar, no seu envolvimento social e na sua saúde física e mental”, frisaram as representantes.

Henrietta Fore e Audrey Azoulay lembraram ainda que o encerramento das escolas afeta em especial crianças e jovens que já vivem com poucos recursos – que não têm acesso, por exemplo, a meios e a ferramentas que possibilitam o ensino à distância -, e as crianças mais pequenas, que se encontram “em etapas chave do desenvolvimento”.

“Para evitar uma catástrofe geracional, exortamos os decisores políticos e os Governos a darem prioridade à reabertura das escolas com toda a segurança. O encerramento das escolas coloca em risco o nosso futuro apenas para preservar o nosso presente de uma forma incerta”, concluíram as diretoras-executivas da UNICEF e da UNESCO.

Esta declaração conjunta foi divulgada na véspera do Encontro Mundial de Educação 2021, evento realizado a nível ministerial promovido pela UNESCO que vai decorrer de forma virtual a partir de Paris, à margem do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Carina de Sousa Raposo: “Tratar a dor é investir em dignidade humana, produtividade e economia social”

No Dia Nacional de Luta contra a Dor, a Health News conversou em exclusivo com Carina de Sousa Raposo, do Comité Executivo da SIP PT. Com 37% da população adulta a viver com dor crónica, o balanço do seu reconhecimento em Portugal é ambíguo: fomos pioneiros, mas a resposta atual permanece fragmentada. A campanha “Juntos pela Mudança” exige um Plano Nacional com metas, financiamento e uma visão interministerial. O principal obstáculo? A invisibilidade institucional da dor. Tratá-la é investir em dignidade humana, produtividade e economia social

Genéricos Facilitam Acesso e Economizam 62 Milhões ao SNS em 2025

A utilização de medicamentos genéricos orais para o tratamento da diabetes permitiu uma poupança de 1,4 mil milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos últimos 15 anos. Só em 2025, a poupança ultrapassou os 62 milhões de euros, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Medicamentos pela Equidade em Saúde (Equalmed) no Dia Mundial da Diabetes.

APDP denuncia falhas na aplicação do direito ao esquecimento para pessoas com diabetes

No Dia Mundial da Diabetes, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal alerta que a Lei do Direito ao Esquecimento não está a ser cumprida na prática. A associação recebe queixas de discriminação no acesso a seguros e crédito, defendendo que a condição clínica não pode ser um obstáculo à realização pessoal e profissional. A regulamentação da lei está em fase de auscultação pública, mas persiste o receio de que não garanta plena equidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights