“O diagnóstico passa muito por fazer chegar dos clientes aos médicos e da sensibilidade do médico para fazer esse diagnóstico, porque depois os meios auxiliares permitem-nos rapidamente colocar essa hipótese e fazer o diagnóstico [de esclerose múltipla]”, afirmou António Freire, que falava à agência Lusa à margem das celebrações do Dia Mundial do Cérebro, no Colégio da Trindade da Universidade Coimbra, organizadas pelo Conselho Português para o Cérebro (CPC).
No entanto, face a alguns sintomas da doença que podem ser desvalorizados, essa sinalização torna-se mais difícil, constatou.
“Por exemplo, uma criança queixar-se de formigueiro – formigueiros temos todos nós. A própria pessoa queixar-se e o médico poder desvalorizar o sintoma porque é comum torna difícil a chegada precoce destes doentes ao médico”, frisou.
Normalmente, os sintomas que chamam a atenção estão relacionados com a falta de força, perturbações visuais ou desequilíbrio.
Porém, salientou, “há sintomas mais ligeiros ou banais que a pessoa desvaloriza e isso dificulta o processo”.
“Os médicos também têm de estar sensibilizados para isto para se poder avançar com o diagnóstico”, acrescentou.
No primeiro painel da cerimónia, o neuropediatra do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) Filipe Palavra destacou que a capacidade de diagnóstico mais cedo tem vindo a aumentar, mas será necessário ainda melhorar nessa vertente.
“Quando perguntamos a alguém entre os 20 e os 40 anos [com esclerose múltipla], se no passado não se recorda de ter tido um episódio em que faltou a visão ou teve formigueiro, frequentemente encontramos respostas afirmativas”, observou.
Segundo Filipe Palavra, é também “crucial” estudar a esclerose múltipla entre crianças e jovens para perceber se o património genético explica tudo ou se haverá fatores que aumentam o risco de uma pessoa ter a doença no futuro, como a obesidade na adolescência, o tabagismo ou défice de vitamina D.
O diagnóstico precoce pode ser ainda mais importante quando se aponta para a possibilidade da população pediátrica poder “melhorar muito mais” com as terapêuticas para a esclerose múltipla do que os adultos, salientou, recordando, porém, que faltam ensaios clínicos que atestem essa hipótese.
As comemorações do Dia Mundial do Cérebro em Coimbra foram realizadas em parceria com a Academia Sino-Lusófona, a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla e o Grupo de Estudos da Esclerose Múltipla.
LUSA/HN
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