“É muito provável que a variante Delta da covid-19 tenha causado a maioria dos casos recentes no surto de covid-19 em Ermera. É provável que a variante Delta só tenha sido introduzida recentemente em Timor-Leste”, refere-se no boletim epidemiológico semanal enviado à Lusa.
“É provável que esta variante se espalhe a todos os municípios de Timor-Leste. A variante Delta da covid-19 é mais infecciosa do que outras variantes. Pode causar doenças graves e morte, especialmente em pessoas que não estão totalmente vacinadas”, recorda-se no boletim.
No relatório semanal, que avalia a progressão da doença em Timor-Leste entre 02 e 08 de agosto, sublinha-se que a confirmação da existência da Delta em Ermera foi feita depois do Instituto Doherty analisar um conjunto de 12 amostras enviadas pelas autoridades timorenses.
“No sábado o Instituto Doherty, na Austrália, forneceu resultados completos de sequenciação do genoma a 12 amostras que foram recolhidas no dia 27 de julho de 2021 em Ermera. Todas as 12 amostras são positivas para a variante Delta (B.1.617.2)”, nota-se.
Apesar da deteção destes casos da variante, no boletim indica-se que nenhuma de 266 amostras comunitárias enviadas para a Austrália para testes a 14 de julho de 2021 detetou a presença da Delta.
“Desde 14 de julho de 2021 que não foram testadas amostras de outros municípios. O aumento do número de casos em Díli, Covalima e Oecusse também pode ser devido à transmissão da variante Delta da COVID-19 na comunidade”, considera-se.
No boletim salienta-se que “duas doses da vacina AstraZeneca mostraram reduzir o risco de covid-19 grave em 92%”.
A análise semanal foi preparada pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a ‘task-force’ para Prevenção e Mitigação da Covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
O Instituto Nacional de Saúde timorense, a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli nos testes à Covid-19, também participam no estudo.
No relatório indica-se que na última semana registaram-se em Timor-Leste um total de 563 casos, ou 4,9% de todos os casos registados no país desde o início da pandemia (11.529).
Apesar da crescente preocupação com a situação no município de Ermera, onde foi já confirmada a existência da variante Delta, a taxa de incidência caiu ligeiramente na semana entre 02 e 08 de agosto, face à semana anterior, de 6,7 para 6,1 casos por 100 mil habitantes.
Ermera regista a taxa de incidência mais elevada do país (19,8) – era de 43,8 na semana anterior -, seguindo-se Díli, que passou de 4,9 para 9,2 e Viqueque, Covalima que subiu de 1,8 para 6,3 e Oecusse que passou de 0,9 para seis.
Desde 01 de março já foi necessária a hospitalização de 281 pessoas, com o total de mortos a atingir os 27, um dos quais na última semana.
Os dados mostram que a taxa de positividade (testes positivos face ao total de testes realizados) duplicou no país na última semana, face à anterior, de 4,1 para 8,2 com 258 casos positivos entre 3.133 testes realizados.
Ermera registou uma taxa de positividade de 36%, Covalima de 13%, Viqueque de 12% e Baucau de 3,3%.
No que se refere à vacinação, na última semana foram administradas em Timor-Leste cerca de 40 mil vacinas, com 315.746 pessoas a receberem a primeira dose (41,8% da população com mais de 18 anos) e 110.056 pessoas a completarem as duas doses de vacinação (14,5% da população).
Em Díli já receberam a primeira dose 68% dos habitantes com mais de 18 anos, e estão vacinados 44,5%, com mais de metade das populações de Viqueque e Covalima já com a primeira dose.
Ermera regista os índices mais baixos de vacinação, com 14,1% com a primeira dose e 1,6% com a vacinação completa.
“É muito urgente que os adultos de Timor-Leste obtenham duas doses de uma vacina covid-19 o mais rapidamente possível. Esta é a melhor proteção contra doenças graves, hospitalização e morte”, referiram os autores do relatório.
Uma dose de vacina AstraZeneca – a mais usada no país, onde está igualmente disponível a Sinovac – “reduz em 71% o risco de hospitalização da doença covid-19 grave” e as duas doses “reduzem em 92% o risco de hospitalização”.
Por isso, recomendaram, “o programa de vacinação deve ser ampliado, para que se possa dar mais doses todos os dias, em todos os municípios”.
“Isto é especialmente importante em municípios com baixa cobertura de vacinas, incluindo Ermera onde há uma propagação confirmada da variante Delta”, enfatiza-se.
LUSA/HN
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