Em entrevista à edição de hoje do semanário Expresso, disponível na íntegra na sua edição online, o eurodeputado foi várias vezes questionado sobre o cenário de governabilidade no pós-legislativas de 30 de janeiro e avisou que, se for líder do PSD, “não contem com Paulo Rangel para pôr a mão por baixo das políticas do PS”.
O candidato à liderança social-democrata – que disputará com o atual presidente Rui Rio em eleições diretas em 27 de novembro – insistiu que o seu objetivo é maioria absoluta do PSD, que considera não ser “uma quimera”, mas também admite governar em minoria.
“Se tivermos de governar com um governo minoritário também o faremos”, assegurou, admitindo igualmente como cenário possível coligações pós-eleitorais ou acordos de incidência parlamentar com CDS-PP e IL ou até com o PAN, excluindo o Chega de entendimentos.
Questionado se um Governo minoritário do PSD não dependerá do PS para viabilizar o executivo e os seus orçamentos, respondeu: “Se não viabilizar terá de assumir as suas responsabilidades”.
À pergunta se tal significa que “o seu PSD” também deixará passar um governo minoritário do PS, o candidato à liderança social-democrata recusou discutir esse cenário.
“Não vou analisar, não sou analista, sou líder político (…) Acho que os portugueses querem muita clareza quanto à questão da estabilidade, e é isso que lhes vou oferecer. Este vai ser o meu discurso. Não vou contribuir para confundir os votos do PSD com os do PS”, apontou.
Rangel acusou o atual líder socialista e primeiro-ministro, António Costa, de tentar “ser uma alternativa a si próprio”, dizendo, na entrevista que deu esta semana à RTP, que governou com a esquerda e agora está disposto a governar com o centro-direita.
“Não contem com Paulo Rangel, se for líder do PSD, para isso. Nós não vamos lá para corroborar, amparar ou pôr a mão por baixo nas políticas do PS, elas já foram testadas durante seis anos e falharam. Agora é o tempo de vir alguém com uma política diferente”, defendeu.
Questionado se preferirá provocar novas eleições a viabilizar um executivo minoritário do PS, Rangel repetiu que, da sua parte, “a única coisa que vão ouvir é confiança numa maioria do PSD”.
Ainda assim, Rangel admite entendimentos com o PS em matérias como a revisão constitucional, que exige uma maioria de dois terços para ser aprovada.
“Ninguém me vai ouvir dizer que não vamos falar com o PS, não vamos é governar com o PS. Isso é que não”, sublinhou.
À pergunta se está obrigado a vencer as legislativas se se tornar presidente do PSD, Rangel foi cauteloso.
“Não estou a dizer isso. Estou a dizer que temos de ganhar as eleições, e que podemos ganhar com maioria absoluta – não acho isso uma quimera, acho que está ao nosso alcance apesar de ser difícil”, afirmou.
Na sua moção de estratégia às diretas, assegurou, estará a posição que já defendeu publicamente de que o PSD deverá ir sozinho às legislativas, sem coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, admitindo integrar desiludidos com este partido quer na elaboração do programa, quer até nas listas de deputados (“porque não?”) ou num eventual Governo chefiado pelo PSD.
LUSA/HN
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