Cabo Verde quer mais de 90% da população adulta vacinada em 2022

23 de Novembro 2021

O Governo cabo-verdiano quer ultrapassar no próximo ano 90% da população vacinada contra a Covid-19, como resposta sanitária e para garantir a retoma da procura turística, que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago.

A posição foi assumida pelo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, ao antecipar a discussão e votação da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2022, que vai acontecer a partir de quarta-feira na Assembleia Nacional, garantindo que “o aumento da resposta sanitária”, face à pandemia de Covid-19, “é uma das grandes prioridades” do documento orçamental.

“É preciso continuar a apostar na vacinação. Neste âmbito, queremos atingir valores acima dos 90% da população elegível vacinada em 2022. Pretendemos, igualmente, alargar a idade de vacinação para adolescentes entre 12 e 17 anos”, afirmou.

Cabo Verde já chegou esta semana a 65,8% de adultos completamente vacinados contra a Covid-19 e as autoridades de saúde apontam que a meta de 85% de população com pelo menos uma dose será alcançada ainda este ano, cifrando-se atualmente em mais de 82% dos adultos.

“Com as medidas que vamos tomar, prevemos reduzir a taxa de incidência acumulada da Covid-19 a 14 dias para menos de 25 casos por 100 mil habitantes, o que é muito importante para se garantir as condições para a recuperação económica e, consequentemente, social”, assumiu ainda Olavo Correia.

Em concreto, essas medidas inscritas na proposta de Orçamento do Estado para 2022 compreendem “manter e reforçar” 649 profissionais de saúde para o combate à pandemia, por 704 milhões de escudos (6,3 milhões de euros), e mais 155 profissionais “para reforço da resposta sanitária”, por 179 milhões de escudos (1,6 milhão de euros).

Para o reforço das infraestruturas e equipamentos do Sistema Nacional de Saúde está prevista uma verba de 356 milhões de escudos (3,2 milhões de euros) e, entre outras medidas, serão contratados também 200 técnicos de apoio operacional para as escolas, “em resposta à Covid-19”, representando uma dotação de 27 milhões de escudos (250 mil euros).

Cabo Verde vive uma profunda crise económica e social e registou em 2020 uma recessão económica histórica de 14,8% do Produto Interno Bruto (PIB), quando antes da pandemia previa crescer mais de 6%.

Para o próximo ano, o Governo estima um crescimento económico de até 6%, face a 2021, dependendo da retoma da procura turística pelo arquipélago.

O Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022 é de 73 mil milhões de escudos cabo-verdianos (662 milhões de euros), representando uma redução de 2% em relação ao atualmente em vigor, para “dar um sinal” da diminuição das despesas públicas e para garantir um quadro orçamental sólido, explicou anteriormente Olavo Correia.

“Falamos de despesas públicas de funcionamento, que são adiáveis, que não põem em causa o essencial do compromisso do Estado com a Educação, a Saúde, a Segurança ou com a Proteção Social”, reforçou.

O Orçamento, prosseguiu, é financiado na sua maioria pelos impostos, que aumentam 25,6%, os donativos, mesmo diminuindo 24,2%, e os empréstimos, que também terão uma redução, de 44,9%.

A nível da alocação dos recursos do Orçamento do Estado para 2022, a maior parte vai para os serviços públicos gerais (26,6%), seguida da Educação (15,7%), Proteção Social (13,8%), Assuntos Económicos (11,6%), Saúde (11%), Segurança e Ordem Pública (7,9%), Habitação e Desenvolvimento Urbanístico (6,2%), Proteção Ambiental (4,6%).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

APEF e Ordem dos Farmacêuticos apresentam Livro Branco da formação

A Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) promove a 22 de novembro, em Lisboa, o Fórum do Ensino Farmacêutico. O ponto alto do evento será o lançamento oficial do Livro Branco do Ensino Farmacêutico, um documento estratégico que resulta de um amplo trabalho colaborativo e que traça um novo rumo para a formação na área. O debate reunirá figuras de topo do setor.

Convenções de Medicina Geral e Familiar: APMF prevê fracasso à imagem das USF Tipo C

A Associação Portuguesa de Médicos de Família Independentes considera que as convenções para Medicina Geral e Familiar, cujas condições foram divulgadas pela ACSS, estão condenadas ao insucesso. Num comunicado, a APMF aponta remunerações insuficientes, obrigações excessivas e a replicação do mesmo modelo financeiro que levou ao falhanço das USF Tipo C. A associação alerta que a medida, parte da promessa eleitoral de garantir médico de família a todos os cidadãos até final de 2025, se revelará irrealizável, deixando um milhão e meio de utentes sem a resposta necessária.

II Conferência RALS: Inês Morais Vilaça defende que “os projetos não são nossos” e apela a esforços conjuntos

No segundo dia da II Conferência de Literacia em Saúde, organizada pela Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS) em Viana do Castelo, Inês Morais Vilaça, da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, sublinhou a necessidade de unir sinergias e evitar repetições, defendendo que a sustentabilidade dos projetos passa pela sua capacidade de replicação.

Bragança acolhe fórum regional dos Estados Gerais da Bioética organizado pela Ordem dos Farmacêuticos

A Ordem dos Farmacêuticos organiza esta terça-feira, 11 de novembro, em Bragança, um fórum regional no âmbito dos Estados Gerais da Bioética. A sessão, que decorrerá na ESTIG, contará com a presença do Bastonário Helder Mota Filipe e integra um esforço nacional do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida para reforçar o diálogo com a sociedade e os profissionais, recolhendo contributos para uma eventual revisão do seu regime jurídico e refletindo sobre o seu papel no contexto tecnológico e social contemporâneo.

II Conferência RALS: Daniel Gonçalves defende que “o palco pode ser um bom ponto de partida” para a saúde psicológica

No âmbito do II Encontro da Rede Académica de Literacia em Saúde, realizado em Viana do Castelo, foi apresentado o projeto “Dramaticamente: Saúde Psicológica em Cena”. Desenvolvido com uma turma do 6.º ano num território socialmente vulnerável, a iniciativa recorreu ao teatro para promover competências emocionais e de comunicação. Daniel Gonçalves, responsável pela intervenção, partilhou os contornos de um trabalho que, apesar da sua curta duração, revelou potencial para criar espaços seguros de expressão entre os alunos.

RALS 2025: Rita Rodrigues, “Literacia em saúde não se limita a transmitir informação”

Na II Conferência da Rede Académica de Literacia em Saúde (RALS), em Viana do Castelo, Rita Rodrigues partilhou como o projeto IMPEC+ está a transformar espaços académicos. “A literacia em saúde não se limita a transmitir informação”, afirmou a coordenadora do projeto, defendendo uma abordagem que parte das reais necessidades dos estudantes. Da humanização de corredores à criação de casas de banho sem género, o trabalho apresentado no painel “Ambientes Promotores de Literacia em Saúde” mostrou como pequenas mudanças criam ambientes mais inclusivos e capacitantes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights