Infeções crescem antes do Natal mas pressão é muito menor do que há um ano

24 de Novembro 2021

 A um mês do Natal, Portugal atravessa a quinta fase da pandemia de Covid-19, com um crescimento de infeções, mas a pressão sobre os serviços de saúde é muito menor do que no mesmo período de 2020.

Em vários parâmetros – número de infeções, de óbitos, de internamentos em enfermaria e doentes em cuidados intensivos – os dados entre 01 de outubro e 22 de novembro deste ano, em relação ao período homólogo do ano anterior, indicam que o país está hoje numa situação pandémica mais favorável.

Na comparação entre estes dois períodos, com base nos dados da Direção-Geral da Saúde, verifica-se um ponto comum: os indicadores da pandemia de Covid-19 foram-se agravando de uma forma gradual ao longo dos 53 dias analisados, tanto em 2020, como em 2021.

No final de 2020, esta evolução culminou com a pior vaga desde o início da pandemia, que atingiu o seu pico em janeiro e fevereiro de 2021, com o recorde de casos de infeção e uma forte pressão sobre os hospitais portugueses.

Em outubro do ano passado, o país estava em estado de calamidade, passando depois para o estado de emergência, mas agora está num contexto menos restritivo, já que, em 01 de outubro deste ano, o território continental desceu para a situação de alerta, o nível de resposta mais baixo previsto na Lei de Base da Proteção Civil.

O grupo de peritos que aconselha o Governo na gestão da pandemia considera que devem ser tomadas medidas antes do Natal, dado o risco de aumento exponencial do número de casos, que pode duplicar ou triplicar em poucas semanas.

Os números acumulados de casos e óbitos

A 22 de novembro de 2020, Portugal registava um total de 260.758 casos de infeção pelo coronavírus e 3.897 mortes associadas à covid-19. Um ano depois, o número de infetados já era de 1.123.758 e tinham morrido 18.339 pessoas.

Menos 70% de infeções

Se entre 01 de outubro e 22 de novembro do ano passado, o país somou um total acumulado de 180.841 casos positivos, no mesmo período de 2021 esse número baixou para os 54.429, o que representa menos cerca de 70% de infeções pelo vírus SARS-CoV-2.

No período de 2020, o dia com maior número de infeções foi a 19 de novembro, com 6.994 casos, e em 2021, foi hoje, com 3.773.

Redução de 81% de mortes

Entre os vários parâmetros, a redução mais significativa é a dos óbitos associados a covid-19, que apresenta uma diminuição de 81% na comparação entre os dois períodos: em 2020, morreram 1.926 pessoas por covid-19, mas esse número baixou para os 364 em 2021.

Em 2020, 11 de novembro foi o dia com mais mortes, 82, enquanto, no mesmo período de 2021, foi a 22 de novembro, com 18 óbitos.

Redução de quase 80% dos internamentos

Outra diminuição significativa registou-se nos internamentos em enfermaria, que baixaram 79,6% na comparação entre 01 de outubro e 22 de novembro deste ano com o mesmo período de 2020.

Em 2020, a média diária nestes 53 dias foi de 1.795 pessoas internadas em enfermaria, baixando em 2021 para 366 doentes que necessitaram deste tipo de cuidados clínicos.

Redução de 75% de cuidados intensivos

Já no que tem a ver com doentes em unidades de cuidados intensivos, a redução da média diária entre os dois períodos foi de 75%.

No ano passado, esta média cifrou-se nos 259 doentes por dia, mas este ano baixou para 64, o que representa 25% do valor crítico definido na análise de risco da pandemia de 255 camas ocupadas. Esta pressão tem vindo a subir nos últimos dias e os 93 doentes que estavam em cuidados intensivos na segunda-feira eleva este limiar para 36%.

A última análise de risco da pandemia alerta que o crescimento da intensidade epidémica em Portugal deverá condicionar uma subida do nível de alerta do sistema de saúde para aumentos de procura de cuidados no próximo mês.

Vacinação acima dos 86%

Considerada pela generalidade dos especialistas como o fator determinante para a redução da pressão que se verifica sobre os serviços de saúde, Portugal tem hoje mais de 86% da população totalmente vacinada contra o SARS-CoV-2, o que representa cerca de nove milhões de pessoas.

A vacinação em Portugal arrancou no final de dezembro de 2020, mas só entrou em velocidade de cruzeiro meses depois, com a chegada das doses suficientes ao país para concretizar o plano definido pela `task force´ liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo.

Índice de transmissibilidade (Rt) mais elevado

Em 22 de novembro deste ano, o Rt – que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus – está mais elevado (1,19) do que no mesmo dia de novembro de 2020 (1,05).

A taxa de incidência do vírus SARS-CoV-2 a nível nacional também tem registado um aumento significativo nas últimas semanas, atingindo os 251,1 casos por 100 mil habitantes hoje, quando no início de outubro estava nos 101,7.

O último relatório das “linhas vermelhas” da pandemia, divulgado em 19 de novembro, alerta que a análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de intensidade moderada, com tendência crescente a nível nacional.

As variantes que surgiram em 2021

No final de 2020, as autoridades de saúde nacionais estavam a determinar se a variante do SARS-Cov-2 associada ao Reino Unido, mais tarde denominada de Alpha, estava a circular em Portugal, com as primeiras sequências a serem detetadas logo em janeiro de 2021.

Esta variante ainda ganhou algum terreno no início de 2021, chegando a representar quase 60% dos contágios, mas foi rapidamente superada pela Delta, que, em meados de fevereiro, já era responsável por cerca de metade dos casos de Covid-19 em Portugal.

Desde então, a Delta, considerada mais transmissível que o vírus original, passou a ser a variante dominante no país, à semelhança do que se verifica na Europa, atingindo uma prevalência de 100% nos últimos meses.

LUSA/HN

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