“Poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário”, afirma o parecer do grupo de trabalho de pediatria e saúde infantil constituído, entre outros, por peritos da Comissão Nacional da Saúde Materna, Criança e Adolescente, da Ordem dos Médicos, hospitais, pela coordenadora do Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil da DGS e pelo presidente da Sociedade de Portuguesa de Cardiologia Pediátrica.
No documento divulgado ontem à tarde pela Direção-Geral da Saúde, os peritos consideram importante “seguir atentamente” a experiência dos países onde a vacina já começou a ser utilizada neste grupo etário.
Defendem também que seria importante conhecer “a seroprevalência da infeção neste grupo etário em Portugal pois níveis elevados de imunidade natural reduziriam o impacto da vacinação”, bem como conhecer o impacto do programa de vacinação dos 12 aos 15 anos em Portugal.
“As crianças que pertencem a grupos considerados de risco para doença grave podem ter um balanço de risco-benefício diferente que justifica prioridade na sua vacinação”, salientam, advertindo que, “qualquer que seja a decisão que venha a ser tomada, será importante transmitir informações transparentes e claras sobre os factos e as razões que determinaram essa opção”.
Advogando ser “fundamental e prioritário” manter o processo de vacinação de adultos, os especialistas realçam que, “até hoje, as variantes do SARS-CoV-2 que foram surgindo demonstraram ter maior transmissibilidade, mas sem evidência de maior gravidade em idade pediátrica”.
Sublinham ainda que o grupo de trabalho é constituído por elementos com experiência para avaliar os benefícios e os riscos da vacinação para a saúde da criança, defendendo que “considerações detalhadas sobre impactos educacionais, sociais e económicos mais amplos deverão ser procuradas junto de outros peritos”.
Perante esta situação, os peritos consideram no parecer que “deve ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo as crianças dos 5 aos 11 anos”.
Apesar das advertências, a DGS divulgou ontem o calendário da vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos.
LUSA/HN
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