APMGF apela para resolução urgente de problemas nos cuidados de saúde primários

3 de Janeiro 2022

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) teme assistir ao "descalabro" no SNS e nos cuidados de saúde primários nas próximas semanas. Por isso, e para evitar que tal aconteça, deixa algumas recomendações aos doentes Covid-19 e ao Ministério da Saúde.

Porque “a situação vivida nos centros de saúde está a deteriorar-se, colocando em risco a qualidade dos cuidados prestados aos utentes e indo para além dos limites de resistência dos profissionais que ali desenvolvem a sua atividade”, a Direção Nacional da APMGF divulgou um comunicado com quatro pontos “cruciais para evitar o descalabro no Serviço Nacional de Saúde e nos Cuidados de Saúde Primários (CSP)” nas próximas semanas.

Com o aparecimento da variante Ómicron e a subida acentuada do número de casos de Covid-19, “torna-se indispensável desenvolver uma campanha específica de informação e esclarecimento junto da população portuguesa, capaz de garantir que apenas os casos mais graves e a necessitar de cuidados são canalizados para os centros de saúde e urgências hospitalares”. A APMGF relembra, neste primeiro ponto, que os indivíduos assintomáticos e doentes com sintomas ligeiros a moderados devem ficar em casa.

Por outro lado, a “tutela necessita urgentemente de definir diretrizes sobre como pretende rentabilizar e distribuir os seus recursos humanos nos CSP, orientando-os com clareza para as prioridades em saúde que importa salvaguardar, comprometendo-se e responsabilizando-se por tais decisões”. A sobrecarga de trabalho dos médicos devido à Covid-19 “levará a uma incapacidade de resposta aos doentes não Covid com um aumento de doentes crónicos descompensados, doenças oncológicas diagnosticadas tardiamente e um aumento das taxas de mortalidade nos próximos anos”, e a não resposta adequada dos CSP “vai levar a um aumento de pessoas nos serviços de urgência a curto prazo e a internamentos a médio/longo prazo”.

A burocracia é o terceiro problema sinalizado pela APMGF, segundo a qual o “Ministério da Saúde deve refletir sobre todos os atos administrativos e burocráticos associados à Covid-19 que impõe no presente aos profissionais e implementar estratégias alternativas que possam libertá-los para funções clínicas”. Segundo a APMGF, os médicos não deveriam ter de dedicar parte do seu tempo a emitir baixas médicas aos doentes com Covid-19.

Por último, a APMGF sublinha “a necessidade de reforço dos recursos humanos, nomeadamente nos CSP, de forma a dar resposta às necessidades da população”. A APMGF garante ainda que tem alertado o Ministério da Saúde “para o facto de as linhas telefónicas nos centros de saúde serem antiquadas e não conseguirem dar resposta às necessidades”, e considera ser “imperioso” investir “já” nesta área, a nível material e de recursos humanos.

No comunicado divulgado na semana passada, a APMGF também deixa uma nota à comunicação social: “tem uma função importante nesta fase de informação, recordando a toda a população, sem alarmismo, a melhor forma de se comportar perante esta pandemia”.

“É imperioso reforçar a importância da vacinação, dos cuidados de proteção individual como uso da máscara e a evicção de ajuntamentos. No caso de suspeita de doença, fazer o isolamento e só recorrer aos cuidados de saúde no caso de sintomas de gravidade e após contacto com a Saúde 24”, frisa a APMGF.

PR/HN/Rita Antunes

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