DGS suspende medicamento para vírus respiratório que afeta crianças

9 de Fevereiro 2022

A Direção-Geral da Saúde (DGS) determinou esta quarta-feira a suspensão, a partir da próxima semana, da administração de palivizumab, que previne a infeção pelo vírus sincicial respiratório em crianças de risco, devido à situação atual epidemiológica.

A medida foi definida face à situação epidemiológica atual de circulação do vírus sincicial respiratório, um vírus muito frequente, responsável pela bronquiolite e a pneumonia, constituindo uma das principais causas de internamento hospitalar abaixo dos dois anos de idade.

Ficam, no entanto, salvaguardadas “as indicações clínicas excecionais e fundamentadas”, refere a autoridade de saúde num despacho hoje publicado.

A diretora-geral da Saúde tinha determinado num despacho anterior (nº 012/2021) a antecipação do início da administração da primeira dose de palivizumab a partir da segunda quinzena de setembro devido “à situação de excecional precocidade da circulação do vírus sincicial respiratório [VCR], no verão de 2021”.

Ficou também previsto o acompanhamento e monitorização da situação epidemiológica, para determinação do período de administração da última dose de palivizumab.

O grupo de trabalho constituído para o efeito analisou a situação e verificou um acentuado decréscimo da circulação do vírus sincicial respiratório no mês de janeiro de 2022, refere a DGS numa nota comunicada na sua página na Internet.

A Direção-Geral da Saúde reforça a necessidade de promover a divulgação e a implementação de medidas higiénicas de prevenção de infeções respiratórias, divulgando um panfleto que explica o que são infeções respiratórias e como se pode proteger as crianças com pequenos gestos.

As infeções respiratórias são causadas principalmente por vírus, transmitidos entre as pessoas, mesmo que não pareçam estar doentes.

“A nossa saliva e as nossas mãos podem transportar vírus e bactérias, que podem provocar doença grave nos bebés. O risco dos bebés terem infeção respiratória grave é tanto maior quanto mais pequenos forem. Os recém-nascidos são, por isso, os mais suscetíveis à infeção”, lê-se no panfleto.

As infeções respiratórias nos bebés podem ser muito graves no outono e no inverno e são a principal causa de procura dos cuidados de saúde.

O VSR é a principal causa de infeção do aparelho respiratório nos dois primeiros anos de vida. Os recém-nascidos, os lactentes com idade inferior a seis meses, as crianças com patologia pulmonar subjacente, com cardiopatia ou com imunodeficiência, constituem os grupos de maior risco de contrair uma infeção grave.

Os meses de maior prevalência de infeção pelo VSR são os de inverno – a epidemia pode ter início em outubro e estender-se até abril, podendo haver variações anuais deste padrão epidémico.

Foi demonstrado que o palivizumab diminui a taxa de hospitalização de crianças infetadas pelo vírus (diminuição risco de hospitalização de 5.8 pontos percentuais no estudo Impact-RSV – de 10,6% no grupo controlo para 4,8% no grupo de estudo) mas, uma vez internadas, parece não diminuir a necessidade de ventilação mecânica nem a mortalidade, segundo informação divulgada pela Sociedade Portuguesa de Pediatria.

LUSA/HN

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