Epidemia de sarampo matou 150 pessoas no Afeganistão em janeiro mas números vão aumentar

11 de Fevereiro 2022

Uma epidemia de sarampo atingiu dezenas de milhares de pessoas no Afeganistão, onde, só em janeiro, morreram 150 pessoas, sobretudo crianças, alertou esta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), referindo que o número de mortes vai aumentar.

Esta doença viral altamente contagiosa, conhecida por apresentar manchas vermelhas características em todo o corpo, atinge principalmente as crianças, tendo os casos naquele país aumentado cerca de 40% desde o final de janeiro.

“Os casos de sarampo aumentaram em todas as províncias desde o final de julho de 2021”, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, em conferência de imprensa hoje realizada em Genebra.

Segundo acrescentou, o número de casos aumentou 18% na semana de 24 de janeiro e 40% na última semana do mês.

O país, que vive há muitos anos em conflito e enfrenta enormes dificuldades económicas, sofre, desde agosto de 2021, um aumento de casos desta doença, que pode ser fatal em pessoas não vacinadas, lembrou Christian Lindmeier.

No total, foram registados em janeiro 35.319 casos suspeitos de sarampo, incluindo 91% em crianças menores de 5 anos e 156 pessoas – 97% crianças com menos de 5 anos – morreram da doença.

“Embora o número de mortes seja relativamente baixo, pode aumentar rapidamente nas próximas semanas”, avisou o porta-voz, sublinhando que muitos casos e mortes podem não estar a ser registados por deficiências nos sistema de saúde locais.

“O rápido aumento de casos em janeiro sugere que o número de mortos por sarampo vai crescer acentuadamente nas próximas semanas”, disse Lindmeier.

Lindmeier referiu que o surto é especialmente preocupante por causa dos altos níveis de desnutrição que se registam atualmente no Afeganistão, já que pessoas sem nutrientes alimentares suficientes têm menos defesas e são mais vulneráveis às doenças, sobretudo as crianças.

O sarampo é particularmente perigoso entre os menores, que, se contraírem a doença sem estarem vacinados, podem apresentar sintomas como cegueira, encefalite, diarreia grave, desidratação e doenças respiratórias como pneumonia.

Apesar das dificuldades no Afeganistão, onde os talibãs reconquistaram o poder em agosto de 2021, a OMS está a tentar acelerar a vacinação, aumentar as capacidades de testagem e vigilância epidemiológica, tendo realizado, em dezembro, uma campanha de vacinação que abrangeu 1,5 milhões de pessoas.

As Nações Unidas têm alertado repetidamente que mais da metade do país está sob ameaça de fome.

A melhor proteção contra o sarampo é uma cobertura vacinal muito alta – a OMS recomenda 95% -, mas essa é uma meta fora de alcance no atual contexto afegão.

Além disso, conseguiu distribuir vitamina A, que alivia os efeitos da doença e reduz a mortalidade, a 8,5 milhões de crianças em novembro, estando agora a preparar uma nova campanha de vacinação para o mês de maio, que deve abranger três milhões de crianças.

LUSA/HN

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