Conflito e falta de combustível impede distribuição de material médico urgente no Tigray

15 de Fevereiro 2022

A escassez de combustível está a impedir a distribuição de material médico urgentemente necessário na região etíope do Tigray, que está ameaçada por doenças como a malária e a cólera, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pela primeira vez desde julho do ano passado, a OMS obteve autorização para enviar material médico de emergência para o Tigray, incluindo equipamento essencial e de proteção para os trabalhadores da saúde, medicamentos para a malária e diabetes e tratamentos para a desnutrição aguda.

Contudo, o fluxo de combustível para a região para as organizações humanitárias tem sido restringido desde agosto passado devido ao conflito armado entre os rebeldes do Tigray e as autoridades etíopes, que levou à redução e suspensão de muitas operações essenciais, recorda a OMS, numa declaração.

De acordo com a agência das Nações Unidas, as taxas de desnutrição entre crianças com menos de cinco anos e mulheres são “alarmantemente elevadas”, com taxas superiores a 70% nas mulheres grávidas e lactantes.

Nas regiões de Afar e Amhara, também afetadas pelo conflito e onde a distribuição dos fornecimentos de assistência humanitária tem sido “relativamente mais fácil”, os números relativos às mulheres grávidas malnutridas são de 45% e 14%, respetivamente.

De acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU, são necessárias 2.200 toneladas de ‘kits’ de saúde de emergência e 1,5 milhões de vacinas contra a cólera, entre outros recursos, para satisfazer as necessidades sanitárias e alimentares no Tigray.

“Apelamos às autoridades locais e aos parceiros internacionais para que nos permitam adquirir urgentemente combustível para satisfazer as necessidades básicas da população etíope”, disse a OMS.

A guerra no Tigray eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para aquele estado no norte do país, com a missão de retirar pela força os dirigentes locais da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há muitos meses.

O pretexto específico da invasão foi um alegado ataque das forças estaduais a uma base militar federal no Tigray, e a operação foi inicialmente caracterizada por Adis Abeba como uma missão de polícia, que tinha como objetivo restabelecer a ordem constitucional e conduzir perante a justiça os responsáveis pela sua perturbação continuada.

O conflito na Etiópia provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a ONU.

A ajuda humanitária aos mais de seis milhões de pessoas no estado de Tigray continua muito limitada, em face ao que as Nações Unidas descreveram como um “bloqueio humanitário de facto”.

LUSA/HN

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