No evento, a infeciologista iniciou a sua intervenção afirmando que, ao contrário do que era esperado pelo especialistas, o SARS-CoV-2 provocou o internamento de cerca de meia centena de crianças nesta unidade hospitalar, desde o início de 2020. No entanto, a especialista reconheceu que estes valores traduziam-se numa “percentagem bastante reduzida” quando comparada com o cenário da infeção em adultos e idosos. “A mortalidade não era comparável à idade adulta”, frisou.
Sobre a gravidade da doença nas crianças, Maria João Brito explicou que o hospital internou crianças de todas as idades, sendo que a mais nova tinha poucos dias de vida. De acordo com a especialista, os principais motivos de internamento nesta faixa etária foram: pneumonia, mis-c, sépsis, infeção do sistema nervoso central e miocardites. Apesar da Covid-19 ser “rara na idade pediátrica, é potencialmente grave”, admite Maria João Brito.
Os quadros clínicos variaram consoante a doença, tendo sido os bebés os principais a desenvolverem sépsis, enquanto a pneumonia foi mais frequente nas crianças mais velhas. Da sua experiência enquanto responsável pela Unidade de Infeciologia, foi possível concluir que as crianças “não ficam muito tempo doentes em casa. “Elas rapidamente ficam muito doentes e recorrem aos hospital”. As alterações gastrointestinais e cardiovasculares são algumas das principais particularidades da doença nas crianças.
Segundo a infeciologista, estes doentes apresentaram “arritmias de todo o tipo” e as dores abdominais foram muito frequentes, sendo que em alguns casos foi preciso avançar para cirurgia. Maria João Brito referiu, por outro lado, que a doença neurológica também ocorreu, mas sempre numa fase pós inflamação.
No final da sua intervenção, a responsável admitiu que apesar de estarmos a atravessar um período de maior controlo “ainda há muito que aprender”. “Sabemos muito deste vírus, mas sabemos muito pouco”, conclui.
HN/Vaishaly Camões
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