Em declarações à agência Lusa na véspera do Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que decorre no fim de semana na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Miguel Guimarães pediu mais coordenação entre a medicina geral e familiar e a medicina interna.
“A gestão do doente crónico deve ser feita por aquilo que são os gestores de doentes de forma global, que são os médicos de família, e o que são os gestores de doentes nos hospitais, que são os médicos de medicina interna”, afirmou.
O bastonário defendeu que só com “uma integração e uma coordenação muito forte” entre a medicina interna e a medicina geral e familiar se consegue retirar das urgências muitos destes doentes que acabam por ver as suas doenças descompensar ao longo do ano.
“Uma maior proximidade entre o médico hospitalar e o médico de família vai retirar [das urgências] estes doentes, que tem muitos episódios de urgência por ano”, considerou o bastonário, sublinhando: “Há doentes que chegam a ir 20 vezes, ou mais, ao serviço de urgência (…) em vez de irem a uma consulta”.
“Havendo este intercâmbio entre hospitais e cuidados de saúde primários, esta proximidade entre os médicos, que pode ser feita pela própria transformação digital, à distância, vamos retirar muitos episódios da urgência. Este é um ponto crítico”, acrescentou.
Questionado pela Lusa sobre se a pandemia modificou a relação médico-doente, Miguel Guimarães reconheceu que houve algumas alterações que “convém corrigir rapidamente”.
“As consultas à distância, ou a comunicação com os doentes à distância, é possível, mas deve ser preferencialmente com imagem. A maior parte do que aconteceu na pandemia foram simples telefonemas e num simples telefonema não há a empatia [de quando] se está a olhar para o doente”, disse, sublinhando que toda a linguagem corporal importa nesta avaliação.
“Não havendo o contacto físico, isto [imagem] ajuda muito”, considerou, lembrando a necessidade de equipar centros saúde e hospitais para que as consultas com imagem possam acontecer sempre.
“É fundamental recuperar as consultas presenciais, sobretudo nas doenças mais graves ou nas primeiras consultas. Aquilo que for (..) à distancia tem de ter as condições adequadas que garantam consultas com qualidade e segurança”, acrescentou.
LUSA/HN
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