OMS alerta que alterações climáticas são responsáveis por mais de metade das crises sanitárias em África

6 de Abril 2022

As alterações climáticas foram responsáveis por mais de metade das crises sanitárias que afetaram África nos últimos 20 anos, alertou esta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), que registou um aumento da frequência das emergências de saúde pública.

“A emergência climática é uma das maiores ameaças para a humanidade. As condições necessárias para garantir uma boa saúde estão em perigo com eventos climáticos cada vez mais severos”, disse a diretora regional para África da OMS, Matshido Moeti, em comunicado.

A responsável sublinhou que “as inundações frequentes e as doenças transmitidas pela água e por vetores (parasitas, bactérias ou vírus) estão a aprofundar as crises sanitárias”.

“Embora África seja o continente que menos contribui para a crise climática, sofre todas as consequências”, lamentou Moeti.

Segundo um novo estudo da OMS, o continente africano registou, entre 2011 e 2021, mais 21% de emergências de saúde pública do que na década anterior.

As inundações, por exemplo, favorecem o aparecimento de doenças diarreicas, que são a terceira causa de doença e morte em crianças com menos de 5 anos.

As mudanças de temperatura estão a permitir a expansão dos mosquitos que transmitem doenças como a febre amarela ou a malária, ou das carraças que provocam a febre hemorrágica de Crimeia-Congo (FHCC), com uma taxa de mortalidade de até 40%.

Embora o número de mortes por malária tenha caído em África de 840.000 em 2000 para 602.000 em 2020, esta doença continua a ser um desafio para o continente.

Além disso, os choques climáticos impedem os agricultores de produzir alimentos suficientes, o que provoca um número cada vez maior de malnutrição.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou na terça-feira que mais de um quarto da população de África enfrenta atualmente uma crise de segurança alimentar, com milhões de famílias a saltar refeições, e avisou que a situação pode agravar-se nos próximos meses.

“É um desastre que tem passado largamente despercebido. Milhões de famílias estão a ficar com fome e as crianças estão a morrer de malnutrição”, disse o responsável pelas operações globais do CICV, Dominik Stillhart.

Perante este cenário, a OMS pediu aos Governos africanos que deem prioridade ao bem-estar dos cidadãos nas suas decisões, detenham as novas explorações de combustíveis fósseis, cobrem impostos às empresas que emitem gases contaminantes, e implementem as regras sobre a qualidade do ar.

LUSA/HN

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