Um familiar disse à Associated Press (AP) que Shen Peiming morreu no domingo, após o enfermeiro que cuidava da idosa de 71 anos ter sido colocado em quarentena por ser um contacto próximo de um caso positivo de Covid-19.
Enfermeiros tinham tido à família que, embora o hospital tenha tido um surto de Covid-19 na semana passada, Shen tinha testado negativo. Mais tarde, o hospital disse à família que a idosa tinha morrido devido a uma infeção no peito.
Chen Jielei acredita que o surto vitimou a mãe, de 81 anos, não vacinada e parcialmente paralisada. Como os funcionários também adoeceram, a idosa de 81 anos esteve dias sem receber as refeições de forma regular e sem que os lençóis da cama fossem trocados.
Um professor universitário que falou sob condição de anonimato por temer represálias disse à AP que a 28 de março recebeu um telefonema de um auxiliar de enfermagem, a avisar que havia casos positivos e não podiam continuar a cuidar do pai. O idoso de 82 anos morreu três dias depois.
Na quarta-feira, o hospital enviou uma carta de desculpas a algumas das famílias. Uma cópia a que a AP teve acesso dizia que, “por causa da emergência do surto, e muitos dos idosos não foram vacinados, isso fez com que aqueles com doenças subjacentes graves e saúde fraca morressem”.
A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que o número de mortes se mantém inalterado em 4.638. As últimas duas mortes relacionadas com a Covid-19 foram anunciadas a 19 de março, na província de Jilin, no nordeste da China.
Um membro das autoridades de saúde de Xangai disse à AP, sob condição de anonimato devido à sensibilidade do tema, que os critérios para confirmação de casos e mortes por Covid-19 são muito rígidos e suscetíveis a intromissões políticas.
Um artigo da revista chinesa Caixin, descrevendo as mortes e infeções no Shanghai Donghai Elderly Care foi retirado da Internet pouco depois de ser publicado, aparentemente alvo de censura.
O Governo de Xangai anunciou na sexta-feira a demissão de três funcionários do Governo de Xangai, acusados de negligência na prevenção e controlo da epidemia, o que teve “sério impacto” nos esforços para controlar o surto.
Na quarta-feira, a organização não-governamental Observatório dos Direitos Humanos disse que “várias pessoas morreram devido à negação sistemática do acesso a cuidados de saúde a pessoas com doenças graves não relacionadas à covid-19” em Xangai.
A Comissão Nacional de Saúde da China confirmou hoje a deteção de 1.350 novos casos positivos de Covid-19 – 1.334 devido a contágio local –, além de 23.815 casos assintomáticos, com a maioria a ser registada em Xangai.
LUSA/HN
0 Comments