Familiares culpam confinamento por mortes de idosos em hospital de Xangai

9 de Abril 2022

Familiares dizem que vários pacientes morreram no Shanghai Donghai Elderly Care, um hospital para idosos em Xangai, após muitos funcionários terem sido levados para quarentena devido às rígidas regras de combate à pandemia de Covid-19.

Um familiar disse à Associated Press (AP) que Shen Peiming morreu no domingo, após o enfermeiro que cuidava da idosa de 71 anos ter sido colocado em quarentena por ser um contacto próximo de um caso positivo de Covid-19.

Enfermeiros tinham tido à família que, embora o hospital tenha tido um surto de Covid-19 na semana passada, Shen tinha testado negativo. Mais tarde, o hospital disse à família que a idosa tinha morrido devido a uma infeção no peito.

Chen Jielei acredita que o surto vitimou a mãe, de 81 anos, não vacinada e parcialmente paralisada. Como os funcionários também adoeceram, a idosa de 81 anos esteve dias sem receber as refeições de forma regular e sem que os lençóis da cama fossem trocados.

Um professor universitário que falou sob condição de anonimato por temer represálias disse à AP que a 28 de março recebeu um telefonema de um auxiliar de enfermagem, a avisar que havia casos positivos e não podiam continuar a cuidar do pai. O idoso de 82 anos morreu três dias depois.

Na quarta-feira, o hospital enviou uma carta de desculpas a algumas das famílias. Uma cópia a que a AP teve acesso dizia que, “por causa da emergência do surto, e muitos dos idosos não foram vacinados, isso fez com que aqueles com doenças subjacentes graves e saúde fraca morressem”.

A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou hoje que o número de mortes se mantém inalterado em 4.638. As últimas duas mortes relacionadas com a Covid-19 foram anunciadas a 19 de março, na província de Jilin, no nordeste da China.

Um membro das autoridades de saúde de Xangai disse à AP, sob condição de anonimato devido à sensibilidade do tema, que os critérios para confirmação de casos e mortes por Covid-19 são muito rígidos e suscetíveis a intromissões políticas.

Um artigo da revista chinesa Caixin, descrevendo as mortes e infeções no Shanghai Donghai Elderly Care foi retirado da Internet pouco depois de ser publicado, aparentemente alvo de censura.

O Governo de Xangai anunciou na sexta-feira a demissão de três funcionários do Governo de Xangai, acusados de negligência na prevenção e controlo da epidemia, o que teve “sério impacto” nos esforços para controlar o surto.

Na quarta-feira, a organização não-governamental Observatório dos Direitos Humanos disse que “várias pessoas morreram devido à negação sistemática do acesso a cuidados de saúde a pessoas com doenças graves não relacionadas à covid-19” em Xangai.

A Comissão Nacional de Saúde da China confirmou hoje a deteção de 1.350 novos casos positivos de Covid-19 – 1.334 devido a contágio local –, além de 23.815 casos assintomáticos, com a maioria a ser registada em Xangai.

LUSA/HN

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