“É essencial estabelecer a vigilância a nível nacional para os países da UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] o mais rapidamente possível para recolher informações epidemiológicas, clínicas, virológicas e outras, incluindo análises toxicológicas, sobre os casos”, adianta a avaliação de risco do ECDC hoje divulgada.
Segundo o documento, as autoridades de saúde pública devem comunicar com pediatras, clínicos gerais e outros especialistas médicos para informar sobre a necessidade de identificar casos ativos de hepatite aguda grave em crianças.
As situações que forem detetadas e que se enquadrem na “definição do caso devem ser comunicadas ao Sistema Europeu de Vigilância (TESSy) o mais rapidamente possível”, avança a análise do ECDC, ao reconhecer que, uma vez que a etiologia [causas] permanece desconhecida, não podem ser definidas nesta fase medidas de controlo eficazes da doença.
A avaliação de risco recomenda ainda, tendo em conta que a exposição fecal e oral aos adenovírus é mais provável nas crianças mais novas, o reforço da higiene cuidadosa das mãos e a limpeza e desinfeção de superfícies.
Segundo o ECDC, já foram reportados 111 casos no Reino Unido, 12 nos Estados Unidos, 12 em Israel, um no Japão e, até quarta-feira, tinham sido identificados 55 casos prováveis e confirmados em 12 países da UE/EEE, que apresentavam um quadro clínico de hepatite aguda grave com hospitalização com icterícia.
“Na maioria dos casos até à data, o aparecimento da icterícia foi precedido por doença gastrointestinal com vómitos, diarreia e náuseas”, refere o ECDC, referindo que a maioria dos doentes já recuperou, mas em alguns casos a doença progrediu para insuficiência hepática aguda que exigiu transplante hepático.
“Os casos detetados foram testados para uma série de diferentes causas infecciosas e os agentes patogénicos mais comuns encontrados foram o adenovírus e o coronavírus SARS-CoV-2”, indica ainda o ECDC.
Com base nas investigações realizadas, uma das hipóteses é que um cofator que afeta crianças com infeção por adenovírus, que seria leve em circunstâncias normais, desencadeie uma infeção mais grave ou lesão hepática, adianta a avaliação de risco, que admite como possibilidade uma nova variante do adenovírus ou uma maior suscetibilidade das crianças devido à falta de exposição prévia aos adenovírus durante a pandemia de covid-19.
De acordo com centro europeu, a doença é “bastante rara” e os dados sobre a transmissão entre humanos permanecem incertos, no entanto, tendo em conta os casos relatados com insuficiência hepática aguda, o “impacto potencial para a população pediátrica afetada é considerado elevado”.
“Tendo em conta a etiologia desconhecida, a população pediátrica afetada e o potencial resultado severo, este constitui atualmente um acontecimento preocupante para a saúde pública”, conclui o ECDC.
LUSA/HN
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