ECDC apela a vigilância de casos de hepatite aguda que continuam sem causa conhecida

29 de Abril 2022

O Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC) apelou hoje às autoridades de saúde nacionais para efetuarem uma rápida vigilância dos casos de hepatite aguda em crianças, reconhecendo que as suas causas continuam por determinar.

“É essencial estabelecer a vigilância a nível nacional para os países da UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] o mais rapidamente possível para recolher informações epidemiológicas, clínicas, virológicas e outras, incluindo análises toxicológicas, sobre os casos”, adianta a avaliação de risco do ECDC hoje divulgada.

Segundo o documento, as autoridades de saúde pública devem comunicar com pediatras, clínicos gerais e outros especialistas médicos para informar sobre a necessidade de identificar casos ativos de hepatite aguda grave em crianças.

As situações que forem detetadas e que se enquadrem na “definição do caso devem ser comunicadas ao Sistema Europeu de Vigilância (TESSy) o mais rapidamente possível”, avança a análise do ECDC, ao reconhecer que, uma vez que a etiologia [causas] permanece desconhecida, não podem ser definidas nesta fase medidas de controlo eficazes da doença.

A avaliação de risco recomenda ainda, tendo em conta que a exposição fecal e oral aos adenovírus é mais provável nas crianças mais novas, o reforço da higiene cuidadosa das mãos e a limpeza e desinfeção de superfícies.

Segundo o ECDC, já foram reportados 111 casos no Reino Unido, 12 nos Estados Unidos, 12 em Israel, um no Japão e, até quarta-feira, tinham sido identificados 55 casos prováveis e confirmados em 12 países da UE/EEE, que apresentavam um quadro clínico de hepatite aguda grave com hospitalização com icterícia.

“Na maioria dos casos até à data, o aparecimento da icterícia foi precedido por doença gastrointestinal com vómitos, diarreia e náuseas”, refere o ECDC, referindo que a maioria dos doentes já recuperou, mas em alguns casos a doença progrediu para insuficiência hepática aguda que exigiu transplante hepático.

“Os casos detetados foram testados para uma série de diferentes causas infecciosas e os agentes patogénicos mais comuns encontrados foram o adenovírus e o coronavírus SARS-CoV-2”, indica ainda o ECDC.

Com base nas investigações realizadas, uma das hipóteses é que um cofator que afeta crianças com infeção por adenovírus, que seria leve em circunstâncias normais, desencadeie uma infeção mais grave ou lesão hepática, adianta a avaliação de risco, que admite como possibilidade uma nova variante do adenovírus ou uma maior suscetibilidade das crianças devido à falta de exposição prévia aos adenovírus durante a pandemia de covid-19.

De acordo com centro europeu, a doença é “bastante rara” e os dados sobre a transmissão entre humanos permanecem incertos, no entanto, tendo em conta os casos relatados com insuficiência hepática aguda, o “impacto potencial para a população pediátrica afetada é considerado elevado”.

“Tendo em conta a etiologia desconhecida, a população pediátrica afetada e o potencial resultado severo, este constitui atualmente um acontecimento preocupante para a saúde pública”, conclui o ECDC.

LUSA/HN

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