Em comunicado, a Fiocruz relatou que a investigação científica acompanhou, por 14 meses, 646 pacientes que tiveram a infeção e verificou que, desse total, 324, ou seja 50,2%, tiveram sintomas após a infeção, caracterizando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como ‘covid’ longa.
O estudo foi publicado na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Higiene, do Reino Unido.
Os investigadores brasileiros contabilizaram 23 sintomas, após o término da infeção aguda, sendo os principais a fadiga, que se caracteriza por cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras, relatada por 115 pessoas (35,6%).
Também entre as sequelas mais mencionadas estão tosse persistente (34%), dificuldade em respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%).
Segundo a investigadora Rafaella Fortini, que coordena o estudo, todos os sintomas relatados iniciaram após a infeção aguda e muitos deles persistiram durante os 14 meses, com algumas exceções, como trombose que, por ter sido devidamente tratada, por meio intervenções médicas adequadas, os pacientes recuperaram num período de cinco meses.
“Temos casos de pessoas que continuam sendo monitoradas, pois os sintomas permaneceram para além dos 14 meses. Constatamos ainda que a presença de sete comorbidades, entre elas hipertensão arterial crónica, diabetes, cardiopatias, cancro, doença pulmonar obstrutiva crónica, doença renal crónica e tabagismo ou alcoolismo levou à infeção aguda mais grave e aumentou a chance de ocorrência de sequelas”, explicou.
Os resultados do estudo mostraram ainda que os sintomas pós-infeção se manifestam nas três formas da doença: grave, moderada e leve.
Na forma grave, de um total de 260 pacientes, 86, ou seja 33,1%, tiveram sintomas duradouros.
Já os 57 diagnosticados com a forma moderada da doença, 43, isto é 75,4%, manifestaram sequelas e, dos 329 pacientes com a forma leve, 198 (59,3%) apresentaram sintomas meses após o término da infeção aguda.
“Tais resultados mostram a importância de entendermos bem essas sequelas, uma vez que estão ocorrendo até mesmo em pessoas que, durante a fase aguda da infeção, estiveram assintomáticas”, concluiu Rafaella Fortini.
LUSA/HN
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