Psicólogos pedem reforço de equipas nos CSP para atender alunos

24 de Maio 2022

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) pediu hoje o reforço de psicólogos nos cuidados de saúde primários, para que possam atender crianças e jovens em sofrimento psicológico, que têm ficado sem resposta por falta de meios

Para a Ordem dos Psicólogos não basta implementar medidas dentro dos muros das escolas para apoiar os alunos, são precisas também medidas “fora da escola”.

A posição da OPP surge na sequência da divulgação do estudo realizado este ano nas escolas portuguesas que revelou que um em cada três alunos apresentam sinais de sofrimento psicológico.

“É preciso um trabalho integrado com os diferentes setores da comunidade. As escolas, neste momento, não estão a conseguir encaminhar as crianças e jovens que precisam de intervenção na área clínica e da saúde para os Centros de Saúde porque estes não têm capacidade de resposta. Não têm psicólogos para responder a estas necessidades”, alerta Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem.

Por isso, a OPP defende que é preciso reduzir as barreiras de acesso aos cuidados de saúde psicológica, através do reforço de psicólogos nos cuidados de saúde primários.

Durante a apresentação dos resultados do “Observatório Escolar: Monitorização e Ação | Saúde Psicológica e Bem-estar”, o ministro da Educação, João Costa, garantiu que as escolas portuguesas estão a cumprir o rácio de psicólogos por alunos nas escolas.

Sofia Ramalho salienta que o trabalho dos psicólogos nas escolas “tem sido incansável”, mas lembra que “as necessidades de intervenção individual, cada vez mais necessárias e urgentes, não permitem um trabalho de prevenção e promoção para toda a escola, também ele essencial”.

A pandemia de covid-19 veio acentuar as desigualdades preexistentes e aumentou os fatores de risco para o desenvolvimento saudável e o bem-estar das crianças e jovens. O Ministério da Educação pediu, pela primeira vez, um estudo para perceber o que se estava a passar nas escolas.

Os investigadores concluíram que cerca de um terço dos alunos acusa sinais de sofrimento psicológico e défice de competências emocionais que exigem atenção, assim como metade dos professores apresenta sinais de sofrimento psicológico.

Perante este cenário, a Ordem considera “urgente” que as crianças e os jovens sejam alvos prioritários de intervenção, nomeadamente através da prevenção e combate das desigualdades e da promoção da saúde psicológica e do bem-estar.

A OPP pede também a intervenção junto das famílias, com programas de promoção das competências parentais ou outros, e a promoção da saúde psicológica no contexto laboral das famílias, com a implementação de políticas e práticas de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional “amigas da família”.

O estudo, coordenado por Margarida Gaspar de Matos, da Equipa Aventura Social da Universidade de Lisboa, faz várias recomendações, como o reforço da literacia e das capacidades e competências individuais, nomeadamente das competências socioemocionais.

A OPP subscreve a medida, mas lembra que a promoção dessas competências “implica o aumento do número e a continuidade do trabalho dos psicólogos e psicólogas presentes nas escolas”.

João Costa anunciou a renovação dos contratos que permitiu colocar nas escolas cerca de 1.100 técnicos especializados, dos quais cerca de 70% são psicólogos, para os Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário.

NR/HN/LUSA

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