Bastonário dos Médicos ao lado dos especialistas em medicina geral e familiar

17 de Julho 2022

O bastonário da Ordem dos Médicos considerou “totalmente inaceitável” a atuação do Governo face aos especialistas de medicina geral e familiar e exigiu melhores condições para fixar estes profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Estas posições foram transmitidas por Miguel Guimarães em declarações aos jornalistas, durante a concentração de cerca de duas centenas de médicos da família junto ao Ministério da Saúde, em protesto contra a medida do Governo que admite a contratação de médicos não especialistas para os centros de saúde.

“Esta situação é totalmente inaceitável, mas estou aqui, sobretudo, para apoiar os doentes. Os cidadãos, os utentes, não merecem que o Ministério da Saúde lhes indique o caminho de um médico sem especialidade, quando existem médicos com especialidade em Portugal,” declarou aos jornalistas o bastonário da Ordem dosa Médicos.

De acordo com Miguel Guimarães, são formados mais de 500 especialistas em medicina geral familiar por ano e estão fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) cerca de 1700 médicos com esta especialidade.

“Em primeiro lugar, têm de ser criadas condições objetivas para que os jovens especialistas possam ficar a trabalhar no SNS. Optem pelo SNS, em vez do setor privado ou de uma ida para o estrangeiro. Recordo que no último concurso cerca de 40% das vagas ficaram uma vez mais por ocupar”, observou.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, para responder às carências na cobertura da rede de cuidados de saúde primários, “é preciso criar mais unidades de saúde familiares modelo B, muito mais unidades”.

“Se for necessário, que se desenvolvam as unidades de saúde familiares modelo C, precisam de ser reguladas. Significa, na prática, o Estado contratar especialistas em medicina geral e familiar para atrair listas de utentes”, adiantou.

Ainda de acordo com Miguel Guimarães, o Estado deverá contratar médicos que estão à beira da reforma, ou que já se reformarem, dando-lhes uma maior valorização do seu trabalho para que possam reforçar o SNS”.

Após estas declarações, Miguel Guimarães fez um breve discurso aos manifestantes, em que criticou recentes declarações do secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, sobre a alegada existência em Portugal de “médicos de família sem especialidade”.

Quando foi pronunciado o nome de Lacerda Sales ouviu-se um prolongado assobio.

Os manifestantes pediram a revogação da norma do Governo incluída no Orçamento do Estado para 2022 que permite a contratação de médicos não especialistas para os centros de saúde – uma norma que consideram um ataque direto à especialidade de medicina geral e familiar. Alguns dos manifestantes pedem ainda a demissão imediata da ministra da Saúde, Marta Temido.

“Marta Temido sem perdão, pede a demissão”, lia-se num dos cartazes, em que também se refere a existência de uma situação de “luto no Serviço Nacional de Saúde” (SNS).

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, pouco depois de ter discursado aos manifestantes, foi recebido pela ministra Marta Temido.

LUSA/HN

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