Monkeypox: Vacinar antes da exposição ao vírus pode fazer sentido mas faltam vacinas

24 de Julho 2022

A porta-voz da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a Monkeypox afirmou hoje que “pode fazer sentido” vacinar grupos da população antes da exposição ao vírus, uma possibilidade que depende do aumento de doses disponíveis.

“Prevejo que a muito breve prazo isso possa vir a fazer sentido e seja discutido internacionalmente e seja implementado em vários países. Precisámos, para ter mais tranquilidade a tomar esta medida, de mais vacinas”, disse à Lusa a especialista da DGS Margarida Tavares.

Segundo afirmou, neste momento, com o número de vacinas contra a Monkeypox disponíveis, Portugal não tem “uma alternativa muito diferente” do que a atual de vacinar os contactos próximos dos casos de infeção confirmados, um processo que se iniciou em 16 de julho.

Portugal recebeu 2.700 doses de vacina contra a infeção humana por vírus Monkeypox, doadas pela Comissão Europeia, através da HERA (Autoridade de Preparação e Resposta Sanitária).

Margarida Tavares, que é diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS, manifestou-se esperançada que, em breve, o país possa ter mais vacinas, o que permitiria equacionar a vacinação de alguns grupos populacionais de pré-exposição ao vírus VMPX.

“Não está, neste momento, disponível grande número de vacinas para comprar” a nível global, referiu a médica.

Portugal totaliza 588 casos confirmados de infeção pelo vírus Monkeypox e, a nível global, foram reportados mais de 16 mil infeções em 75 países, o que levou hoje o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar o surto como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.

“Fomos um dos primeiros países [da Europa] afetados e bastante afetados. Durante muito tempo esteve confinada à região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem mais de 80% dos casos reportados, mas, neste momento, começa a ser afetada a zona Norte, que também já tem um número significativo de casos”, referiu Margarida Tavares.

De acordo com a especialista, a explicação para o número de casos registados em Portugal é “muito simples” e tem a ver com o facto de, quase em simultâneo com a Inglaterra, ter sido “onde começou” o surto na Europa ocidental, tendo depois surgido noutros países como a Alemanha, Espanha, França e Países Baixos.

“Ao contrário de outros países, que continuam ainda num crescimento exponencial de casos, nós tivemos um crescimento grande no início, mas há muitas semanas que estamos a ter o mesmo número de casos por semana”, assegurou a especialista da DGS.

Segundo disse, Portugal não tem um problema de casos que não estão a ser diagnosticados, mas é “muito importante” que os profissionais de saúde notifiquem as infeções detetadas no sistema nacional de vigilância.

O Comité de Emergência para a Monkeypox, que se reuniu na quinta-feira pela segunda vez para avaliar da evolução do surto, não chegou a um consenso, mas a avaliação da OMS é de que o risco é moderado a nível global, exceto na Europa, onde é considerado como elevado.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, explicou que a sua decisão de declarar a emergência de saúde pública de preocupação internacional baseou-se nas informações que mostram que o vírus se espalhou rapidamente a nível global, mesmo em países sem registo prévio de infeções, assim como nas “muitas incógnitas” face aos dados ainda insuficientes sobre a Monkeypox.

NR/HN/LUSA

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