Suicídios aumentam em Macau e população é aconselhada a pedir ajuda

30 de Julho 2022

As autoridades de Saúde de Macau aconselharam hoje os residentes do território com problemas de saúde mental, devido ao confinamento, a pedir ajuda, face a uma subida do número de suicídios em relação aos anos anteriores.

“Apelo aos residentes que devem tomar iniciativa de pedirem ajuda junto das entidades competentes, ou até os familiares e se detetarem algum problema devem encorajar estas pessoas a encontrar apoio profissional”, disse, esta tarde, o médico-adjunto da direção do Centro Hospitalar Conde de São Januário Lei Wai Seng, na conferência de imprensa diária de Saúde.

“Há muita pressão na nossa sociedade, incluindo a questão do emprego ou até conflitos familiares, devido ao período de isolamento”, acrescentou.

Lei Wai Seng respondia a uma pergunta do Canal Macau da Teledifusão Macau (TDM), na qual se indicou que, desde janeiro até ao momento, se registaram cerca de 55 casos de suicídio no território. Um número que se aproxima do valor total dos anos 2021 (60), 2020 (76) e 2019 (66).

Também os dados oficiais do Governo revelam que, no primeiro trimestre deste ano, o número de mortes por suicídio na região administrativa chinesa quase triplicou em relação a 2021: 28 pessoas durante o período analisado, mais 18 do que no mesmo trimestre do ano anterior (10).

O médico Lei Wai Seng referiu ainda que o Instituto de Ação Social “tem vindo a acompanhar de perto esses casos” e que “as pessoas que estão em isolamento também estão sujeitas a aconselhamento psicológico”.

Macau, que tinha registado cerca de 80 infeções de covid-19 desde janeiro de 2020, foi atingido em junho pelo pior surto enfrentado desde o início da pandemia, que infetou 1.821 pessoas, a maioria casos assintomáticos, e provocou seis mortos, todos idosos com doenças crónicas.

Depois de entrar inicialmente em prevenção imediata, com restrições à mobilidade, várias rondas de testagens massivas e quarentenas da população forçadas, as autoridades decretaram, a partir de 11 de julho, um confinamento parcial, passando entretanto para uma fase que denominam de consolidação, em sintonia com a política de casos zero determinada por Pequim.

Macau, que registou zero infeções nas últimas 24 horas pelo sétimo dia consecutivo, reabriu hoje ao público parques, jardins, zonas de lazer e trilhos florestais, mas nas ilhas da Taipa e Coloane, os habitantes são obrigados a medir a temperatura, exibir o código de saúde verde e registar numa aplicação de telemóvel o acesso ao local.

As pessoas não poderão ainda praticar “desportos de alta intensidade”, como correr ou andar de bicicleta, alertaram as autoridades e os espaços de diversão infantil e equipamentos para manutenção física ao ar livre vão continuar encerrados.

Também desde hoje, a população pode usar máscaras cirúrgicas ao ar livre. Até ontem, todos os adultos estavam obrigados a usar máscaras do “tipo KN95 ou de padrão superior”.

A fase de consolidação decorre até 02 de agosto, para permitir a análise de todas as amostras recolhidas durante o 14.º teste a toda a população, que começou hoje às 08:00 e decorre até as 19:00 de domingo.

Caso o teste não detete novas infeções, Macau vai entrar num “período de estabilidade”, durante o qual os habitantes não terão mais de realizar testes diários antigénio e carregar a imagem com o resultado para uma plataforma ‘online’, disse na sexta-feira o diretor dos Serviços de Saúde.

LUSA/HN

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