Os peritos voltam a reunir-se na sexta-feira no auditório do Infarmed, em Lisboa, para fazer um ponto de situação da Covid-19, mas o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, esclareceu na altura do anúncio da reunião que a realidade mostra que a decisão de interromper o estado de alerta, no dia 01 de outubro, foi acertada.
“Eu percebo que se queira fazer uma reunião para fazer o ponto da situação do estado da pandemia atualmente, mas não era preciso fazer uma reunião formal, com a conotação que as reuniões do Infarmed têm”, disse Miguel Guimarães, que falava à agência Lusa a propósito do 25.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos que decorre na sexta-feira em Braga.
Na sua opinião, “o facto de existir uma reunião no Infarmed vai colocar as pessoas em estado de alerta” porque vão pensar que, se os peritos se estão a reunir, é porque “as coisas não estão bem”.
Miguel Guimarães adiantou que nesta época do ano vai haver mais casos de Covid-19, de gripe, vão morrer mais pessoas, mas o que se deve fazer é apelar às pessoas para se vacinarem e dar condições para que a vacinação seja acelerada.
“A vacinação agora não está a ser igual (…) é tudo muito mais lento e o tempo passa. Daqui a bocado estamos em janeiro e corremos o risco de não estar vacinados, pelo menos, a população-alvo”, disse, afirmando que a Direção-Geral de Saúde (DGS) “podia estar melhor nesse aspeto e o Governo também”.
Por outro lado, defendeu, é preciso proteger as pessoas mais frágeis, que, de uma forma geral, são as que têm morrido.
“São pessoas que têm alterações do sistema imunitário, que estão a fazer imunossupressores, ou que estão imunodeprimidas pela doença que têm, o que significa que a vacina nessas pessoas funciona menos bem porque elas não conseguem produzir os anticorpos necessários para ficarem protegidas”, adiantou.
Para prevenir a doença grave nestes doentes, o bastonário defendeu que o país tem “a obrigação de disponibilizar anticorpos monoclonais neutralizantes” para que possam “estar tão protegidas como as pessoas que fazem a vacinação”, uma prática que disse estar a ser feita em praticamente em todos os países da Europa.
Questionado sobre se os serviços de urgência estão preparados para uma maior procura, disse que, neste momento, já têm a capacidade de resposta limitada devido à saída de “muitos médicos” do SNS.
Adiantou que o serviço de urgência tem “vivido muito” das horas extraordinárias que os médicos vão fazendo, mas há muitos que já não estão disponíveis para as continuar a fazer todas as semanas, e às vezes mais do que uma vez por semana, “em prejuízo da sua vida pessoal e familiar”.
“Portanto, eu prevejo que a situação seja complicada”, disse, apontando que, para a resolver, “é perceber quem é que vai estar disponível para fazer serviço de urgência, e isso vê-se com tempo, dentro do SNS” e recorrendo a prestação de serviços, mas diretamente com os médicos.
Defendeu ainda que se deve também “preparar já e perceber” junto dos hospitais privados quem pode estar disponível, caso seja necessário, para receber, por exemplo, doentes respiratórios.
“É importante que haja também uma consciencialização por parte da sociedade de libertar o espaço da urgência para as pessoas que têm doenças mais graves”, concluiu.
LUSA/HN
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