Para Jorge Roque da Cunha, que falava durante a comissão parlamentar de Saúde, a falta de médicos pediatras, obstetras e de outras especialidades, no Algarve, que tem originado constrangimentos naqueles serviços, “tem origem na falta de investimento verificada nos últimos anos”.
A falta de médicos para preencher as escalas nas urgências de pediatria e obstetrícia levou a que o CHUA ativasse o plano de contingência nas maternidades de Faro e de Portimão, o que até ao final do mês de março originará o fecho daqueles serviços durante três dias, de 15 em 15 dias, no hospital de Portimão.
“Não basta proclamar anúncios de aprovação em Orçamento do Estado de aumento de investimento, quando depois sabemos que a Direção-Geral do Orçamento e o Tribunal de Contas vão ver que a execução fica muito abaixo do que é anunciado e isso é particularmente grave no Algarve”, referiu.
Na audição, onde o SIM foi ouvido a pedido do PSD sobre as áreas de obstetrícia e pediatria dos hospitais de Faro e de Portimão, Jorge Roque da Cunha disse aos deputados que as únicas instituições que “estão satisfeitas, alegres e muitíssimo felizes com a situação que se vive no Algarve são os [hospitais] privados”.
“Nunca, como agora, [os privados] prosperaram tanto, nunca como agora tiveram o seu volume de negócios aumentado”, destacou o presidente do SIM.
De acordo com o dirigente sindical, a falta de médicos nos hospitais da região não é só nas especialidades de Obstetrícia e Pediatria, como também na Ortopedia e Cardiologia.
“Tenho aqui uma escala da Cardiologia do hospital de Portimão onde estão escalados médicos 72 horas seguidas e escalas de urgência de prestadores, a grande aposta do conselho de administração [do CHUA], prestadores em escala de obstetrícia de 72 mais 12 horas seguidas”, notou.
Segundo Jorge Roque da Cunha, “cada vez mais se depende de prestadores, o que se reflete no número de partos que se realizam no [hospital] público”.
“A verdade é que há menos pessoas a recorrer aos hospitais públicos, num momento em que o país tanto precisa de crianças para sustentar não só as nossas reformas, como para revigorar o nosso mercado de trabalho”, sublinhou.
Jorge Roque da Cunha lamentou que o sindicato desconheça ainda alguns itens do acordo assinado como Governo, que vai vigorar até 30 de junho, sobre a dedicação plena dos médicos, “bem como qualquer sinal em relação à tabela salarial”.
“Não é possível afirmar-se que se consegue fixar médicos no SNS quando não se investe em equipamentos, não se investe em instalações, na formação dos médicos e permite-se que um especialista em 40 horas tenha 1.800 euros líquidos para trabalhar”, afirmou.
A situação atual “não é possível quando ao lado [nos privados], e com muito mais liberdade em termos da sua organização, as ofertas são as que são, para não falar no estrangeiro”, concluiu o dirigente do SIM.
LUSA/HN
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