FNAM diz foi empurrada para a greve por “falta de respostas”

8 de Março 2023

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) exigiu hoje respeito ao ministro da Saúde, acusando-o de ter empurrado os médicos para a greve por “falta de respostas” à revisão das grelhas salariais ou à melhoria as condições de trabalho.

“Exigimos respeito e exigimos que o senhor ministro nos ouça. Ouça os médicos senhor ministro. Ouça os médicos e faça o que puder para que os médicos fiquem no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, disse a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.

Em frente ao Hospital de São João, no Porto, onde realizou uma conferência de imprensa que antecede a partida em autocarro para Lisboa, onde, à tarde, médicos de todo o país se vão concentrar em protesto, Joana Bordalo e Sá acusou Manuel Pizarro de ter “empurrado” a FNAM para esta greve, a primeira convocada pela federação no pós-pandemia.

“A FNAM infelizmente foi empurrada para tomar esta medida, uma medida drástica, porque não temos tido qualquer tipo de resposta por parte do Ministério da Saúde. É necessário que as grelhas salariais sejam revistas e que sejam estabelecidas condições dignas de trabalho”, disse a presidente.

Os médicos iniciam hoje uma greve de dois dias, numa altura em que sindicatos e Governo estão em negociações, mas ainda sem acordo após várias reuniões inconclusivas.

Esta greve foi convocada pelos sindicatos que integram a FNAM, que marcou também para hoje uma concentração junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, mas não conta com o apoio do Sindicato Independente do Médicos (SIM), que se demarcou do protesto, alegando que não se justifica enquanto decorrem negociações com o Governo.

O protocolo negocial estabelecido entre as duas partes prevê que as negociações decorram até junho, mas os dois sindicatos têm exigido medidas estruturais urgentes e melhores condições de trabalho para permitir fixar e captar mais médicos para o SNS.

Joana Bordalo e Sá frisou que esta greve “é de e para todos os médicos” e garantiu que a FNAM “vai fazer valer a sua voz” e “não vai desistir enquanto Manuel Pizarro não a ouvir” porque, frisou a dirigente, “há médicos cansados, médicos exaustos, médicos a meter baixa e a fugir do SNS”.

“O que estamos a assistir todos os dias é à saída de profissionais do SNS. Todos, todos os dias saem colegas. É por isso que os serviços se encerram. É por isso que é preciso reorganizar urgências: porque não há médicos suficientes para as assegurar. Temos um milhão e meio de cidadãos em Portugal que não têm médico de família”, descreveu.

A FNAM desafiou o ministro da Saúde a “aproveitar a semana para refletir”, exigiu “um sinal de que as coisas vão mudar” e garantiu que rejeitará sempre “propostas indecentes que acarretem perda de direitos para os médicos”.

Confrontada com as perturbações que a greve significa para os doentes, Joana Bordalo e Sá sublinhou que “os serviços mínimos estão garantidos e vão ser cumpridos” e pediu desculpa aos utentes.

“Certamente haverá perturbação e transtorno e pedimos desculpa aos nossos utentes por isso. No entanto com certeza que vão perceber e estar solidários connosco, uma vez que esta luta também é para eles, para que haja médicos no SNS”, concluiu.

Entre as reivindicações da FNAM consta a renegociação da carreira médica e da respetiva grelha salarial, que inclua um horário base de 35 horas, a dedicação exclusiva opcional e majorada e a consideração do internato médico como primeiro grau da carreira.

A estrutura sindical pretende também a revisão das normas de organização e disciplina do trabalho médico, a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e dos cinco dias suplementares, quando forem gozados fora da época alta, assim como a redução do tempo normal de trabalho no serviço de urgência das 18 para as 12 horas.

Em fevereiro, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu que a greve dos médicos o preocupa, mas disse que o Governo continuará a negociar de “boa-fé” e “tranquilamente” com os dois sindicatos.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Diagnóstico e tratamento da demência em destaque no Hospital CUF Porto

Com o objetivo de atualizar os profissionais de saúde sobre as mais recentes inovações no diagnóstico e tratamento de queixas cognitivas e demência, a Unidade da Memória e a Unidade da Família do Hospital CUF Porto, em conjunto com a CUF Academic Center, realizam o Curso em Queixas Cognitivas e Demência, nos dias 11 e 12 de julho, no Hospital CUF Porto.

Despiste na A2 provoca um morto e um ferido grave em Ourique

Uma mulher morreu e um homem ficou gravemente ferido hoje, na sequência do despiste de uma viatura ligeira de passageiros na Autoestrada 2 (A2), junto a Ourique, distrito de Beja, disseram fontes da GNR e Proteção Civil.

Monitorização da Oferta Alimentar em Meio Escolar

A Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Direção-Geral da Educação (DGE) publicaram os resultados da segunda avaliação à implementação do Despacho n.º 8127/2021, de 17 de agosto, que regula a oferta alimentar nos estabelecimentos de educação e ensino da rede pública.

MAIS LIDAS

Share This