“Quando por vezes me vêm questionar sobre se o que estamos a fazer por vezes é discutível? É discutível, é verdade, mas nós não podemos governar pela primeira página dos jornais, nem governar para o dia seguinte, nem governar para casos pessoais, nem para agendas de grupos”, afirmou Fernando Araújo na comissão parlamentar de Saúde, onde está a ser ouvido, a pedido do PCP e do Chega, sobre a falta de profissionais, o programa do Governo para assegurar a dotação de serviços, a valorização de profissionais e sobre o funcionamento da própria Direção Executiva do SNS.
Fernando Araújo acrescentou que é preciso “governar para os utentes” e “acima de tudo para o futuro do SNS, para as próximas gerações”.
“É isso que nos pedem e é isso que tentamos”, afirmou Fernando Araújo, respondendo a críticas de deputados sobre a reforma em curso.
O deputado do Chega Pedro Frazão afirmou não saber se o que o diretor executivo do SNS faz “pode ser tomado em boa conta, uma vez que as notícias dizem (…) que o ministro desautoriza o CEO da Saúde”.
“Portanto, não sei quais serão as devidas consequências que podemos tirar desta audição”, disse Pedro Frazão, citando ainda a capa de um jornal de terça-feira que noticiava “SNS por um fio. Nem Manuel Pizarro nem Fernando Araújo estão a conseguir mudar o paradigma do Serviço Nacional de Saúde, que continua a degradar-se com falta de profissionais e investimento”.
O deputado questionou Fernando Araújo sobre “o que tem para mostrar neste primeiro trimestre de 2023”.
“É que a gastar o dinheiro que o senhor gasta e a ganhar o dinheiro que o senhor ganha, eu acho que um trimestre já é bem mais do que tempo para mostrar resultados, mais do que os mesmos resultados que a doutora Marta Temido mostrava que era de simplesmente encerramentos rotativos dos serviços. Nós queremos mais que isso, senhor CEO”, disse.
Na resposta, Fernando Araújo afirmou que estão a ser feitas reformas que “estavam adiadas há anos e que estão a ser concluídas em meses”.
“Eu recordo-me nas várias funções que tive ao longo destes anos, sempre a solicitar isso. Já aconteceu no Norte e está a acontecer aqui também em Lisboa e portanto são reformas que demoram a acontecer”, declarou.
Segundo o responsável, são reformas que passam por reorganizar a resposta de urgência, mas também dos hospitais e da saúde mental.
Destacou também “a grande reforma nacional” das unidades locais de saúde: “Em 20 anos tivemos e temos apenas oito unidades locais e temos nestes três ou quatro meses de trabalho concluídas mais quatro”.
Fernando Araújo explicou que isto significa colocar na mesma mesa os profissionais dos cuidados de saúde primários e os profissionais hospitalares a discutir problemas de saúde, problemas dos utentes e apostar na prevenção.
“E temos feito isso com autarcas e, portanto, o esforço que tem sido feito a nível nacional é um esforço único de melhoria de articulação de cuidados com vista a prestar melhores cuidados aos utentes. E isso é um facto indesmentível nesse sentido”, vincou.
Além de dar “uma resposta melhor às pessoas”, disse, “dá mais autonomia às instituições e uma capacidade de resolver localmente os seus problemas. E essa é uma reforma que por vezes parece invisível, mas que vai dar seguramente frutos mais longe”.
LUSA/HN
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